
A liderança nacional do PSDB se reuniu nesta quinta-feira (05) e optou por realizar a incorporação com o Podemos, que ainda não tem data para sua convenção. Apesar disso, tudo indica que as direções dos partidos estão alinhadas para se unirem nas próximas eleições de 2026 e conseguirem sobreviver às cláusulas de barreira, que colocam fim às siglas que não atingirem 13 deputados federais eleitos no ano que vem ou ter 2,5% dos votos válidos para Câmara e 1,5% em pelo menos nove estados.
O presidente do PSDB em Jundiaí, Fernando Souza, comentou que não é surpresa a decisão tomada na convenção nacional. “Já era sedimentado mas são as formalidades necessárias. As ideologias políticas dos partidos são bem próximas e, aqui em Jundiaí, trabalhamos de forma muito parecida”, disse. Tanto que ele acredita que será fácil unir os grupos na cidade e montar uma nova diretoria executiva. “Importante é mesclar os dois grupos, vai ser natural”, confia.
Com a junção do PSDB e Podemos, os partidos ganham força para o próximo pleito e a mudança também já reflete no âmbito municipal. Para o presidente do Podemos, Toninho Inácio, a fusão será positiva. “Teremos a segunda maior bancada na Câmara de Jundiaí”, diz, contabilizando seu único vereador, Dika Xique Xique, com os dois do PSDB, se igualando momentaneamente ao PSD, que tem três parlamentares eleitos em Jundiaí e ficando atrás apenas do PL, que tem seis.
Além dos ganhos no Legislativo, a aliança dos partidos também colocará a nova sigla como uma das que mais tem filiados na cidade. “São dois grupos que têm lideranças e votações expressivas. Somados, são mais de 31 mil votos conquistados em Jundiaí. Também de maneira nacional, é positiva para ambos, que ganham musculatura”, avalia Toninho.
Ele também considera que a direção nacional do partido sabe conduzir as tratativas e analisar o que é mais promissor. “A presidente nacional, Renata Abreu, é muito boa articuladora e os riscos estão sendo avaliados. O que oferecemos hoje é algo diferente desta polarização, somos moderados”, afirma, ressaltando que estas características devem permanecer e que a parceria com o PSDB leva em conta justamente este posicionamento.
Mudanças
Toninho Inácio acredita que os membros das legendas não terão dificuldades para trabalhar juntos. Ele mesmo já vivenciou a incorporação do antigo PHS pelo Podemos. “Já passamos por este processo e é interessante que quando começam as reuniões, logo nos sentimos unidos. Neste caso, ainda vai levar um tempo para o desenrolar burocrático, é algo que deve se dar durante o ano, mas já podemos fazer uma caminhada juntos”, reforça o presidente do Podemos, destacando também que tem boa relação com o grupo tucano em Jundiaí e se identifica com o trabalho que realizam.
“Fazemos uma política propositiva, principalmente em Jundiaí, e é parecida com o que o PSDB também faz. Acredito que as fusões e incorporações, além das federações, vão se tornar cada vez mais comuns. A tendência é que até 2030 haja cerca de 15 partidos no Brasil, que realmente mostrem a cara do eleitorado”, conclui, lembrando a relevância da legenda para a escolha do eleitorado. “Como dirigente partidário sempre lembro que o que mais importa é o partido sim, não existe candidatura independente. Esta aliança entre Podemos e PSDB é justamente para que possamos continuar nossa função, que é servir a população”.
Os próximos passos para a incorporação ser definitiva dependem da convenção do Podemos, ainda sem data, e do envio do processo para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para verificar a legalidade desta aliança. Com a junção, as siglas vão somar sete senadores e 28 deputados federais. Hoje são três senadores e 13 deputados federais do PSDB e quatro senadores e 15 deputados federais do Podemos. Os números atuais colocam os partidos no limite mínimo de cláusula de barreira que será aplicada no próximo ano.