Nesta quinta-feira (5), é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, data dedicada ao debate sobre a preservação do planeta. Em diferentes escalas, o mundo vem tendo mudanças cada vez mais abruptas relacionadas à degradação ambiental. Isso acontece também em escala regional. Em Jundiaí, a Serra do Japi é um importante remanescente de Mata Atlântica, mas, assim como outros biomas do planeta, vem sofrendo com os desafios da intervenção humana.
Segundo a engenheira da Unidade de Gestão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente (UGPUMA) de Jundiaí, Karina Lima, "os impactos causados pela maior emissão de gases de efeito estufa na atmosfera afetam a todos e todos os ambientes, diferindo na intensidade, ou seja, alguns grupos são mais atingidos".
A Serra do Japi, segundo a engenheira, ainda é uma área preservada, por conta de instrumentos legais, como a Lei do Congelamento, que impede a instalação de novos empreendimentos na área de preservação. "Desta forma, a Serra do Japi, devido aos instrumentos legais de proteção, é um ambiente mais preservado e ecologicamente equilibrado, estando mais preparado para manter as funções essenciais enquanto se adapta à nova condição induzida pelo clima, obviamente, quando comparado a ecossistemas degradados", lembra
Desde 1983, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) tombou a serra como Patrimônio Natural da Humanidade. Já em 1992, o reconhecimento foi feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). De lá para cá, a perda de área é preocupação que diminui, mas as oscilações de chuva e estiagem, por exemplo, são novos desafios.
O equilíbrio segue em uma linha tênue, pois a preservação do espaço também depende de um clima sem grandes surpresas, o que é cada dia mais raro. "Com o aumento da temperatura e a diminuição das precipitações, causados pela mudança do clima, todos os biomas brasileiros, incluindo a Mata Atlântica, da Serra do Japi, estão sob ameaça, principalmente do risco de extinção de espécies mais sensíveis a este novo cenário e a perda da biodiversidade."
"As mudanças climáticas e a crise da biodiversidade estão profundamente ligadas e a ciência tem dado ênfase cada vez maior às relações entre essas duas questões. Uma questão de grande preocupação é conhecida, no meio científico, como o 'desacoplamento temporal e espacial de polinizadores', onde há a perda de sincronização entre a floração de plantas e a presença de polinizadores, ou seja, as plantas florescem antes da visita dos polinizadores, afetando a reprodução e a distribuição das plantas e a saúde dos ecossistemas", comenta Karina sobre um dos problemas na serra.
Karina lembra que a Mata Atlântica tem intensa ocupação há muito tempo. Isso não é diferente em Jundiaí, visto que a Serra do Japi sempre foi almejada por incorporadoras para a construção de condomínios residenciais. "A Mata Atlântica é um dos biomas mais devastados e, aliado às mudanças climáticas aumenta a fragilidade do ecossistema. Diferente da forma que ocorre na Amazônia, a Mata Atlântica teve de enfrentar os efeitos das mudanças climáticas em um momento onde já havia sido submetida a um intenso desmatamento." Ou seja, preservar a Serra do Japi é um trabalho constante, com novos desafios a cada dia.