OPINIÃO

Sebastião Salgado, o fotógrafo da Terra


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Vai Sebastião Salgado, o maior dos nossos fotógrafos contemporâneos e um dos mais prestigiados do mundo.

Com milhares de fotos feitas ao redor do mundo, especialmente sobre pessoas em situações de vulnerabilidade, seu trabalho provocou não apenas reflexão, mas também uma verdadeira revolução ambiental. Ao lado de sua esposa, Lélia, cuidou da recuperação de uma fazenda na Mata Atlântica, revertendo um cenário de destruição.

Com dedicação exemplar, restauraram a vegetação nativa, transformando o local em um símbolo de esperança. Essa missão agora continuará nas mãos de Lélia.

Recentemente, teve uma exposição na Galeria Polka, em Paris, intitulada Gênesis Platinum, com 50 imagens capturadas em lugares como Argentina, Alasca, Brasil, África e Sudão. As fotografias foram vistas por milhares de parisienses, que despertaram atônitos com a notícia de sua morte.

Ele morava em Paris, o que explica a comoção causada na imprensa francesa e no público que tanto o admirava.

No Brasil, está em cartaz com a exposição na Caixa Cultural de Recife, sobre Serra Pelada – retratando com força e dureza a vida dos garimpeiros e a cratera escavada de onde se extraíram toneladas de ouro. São personagens que protagonizaram algumas das imagens mais emblemáticas da carreira de Salgado.

Seu trabalho está presente nos principais museus do mundo. No Brasil, suas obras estão no Instituto Terra, na coleção de fotografia do MASP e, principalmente, no Instituto Moreira Salles, que abriga o maior acervo de imagens feitas por ele.

Como ambientalista, denunciou a derrubada da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica, além das ameaças às populações indígenas e aos habitantes tradicionais desses biomas.

Deixa uma vasta produção de imagens que são, ao mesmo tempo, protestos e gritos em defesa das florestas brasileiras, dos povos indígenas e da vida. Conhecia profundamente o que retratava – e por isso sua obra é tão verdadeira.

Agora, as sementes estão plantadas. Ele já havia começado. É preciso continuar, mesmo diante de leis que ameaçam destruir esses ambientes, hoje protegidos pela UNESCO, mas não mais, infelizmente, pelo próprio Brasil.

Eduardo Pereira é arquiteto e urbanista

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