OPINIÃO

Trump


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Trump conseguiu, por atalhos, o que muitos pretendiam e não conquistaram até agora: decretar o fim da hegemonia americana no mundo.

A postura de Trump, que parece não ter nenhum projeto para os EUA, é tolamente atrasada. Ele fala para o passado, é um perdedor, defende um modelo econômico que não existe mais. Sua fala está desconectada do mundo atual. Como populista que é, promete um futuro brilhante para os EUA. Trump dirige, se é que dirige, um país que está na UTI, promete empregos que não existem mais.

Enquanto Trump se fecha e fala para sua bolha, a China sai do seu casulo e reorienta a política mundial, atua no avanço tecnológico, constrói uma infraestrutura que a coloca em linha e nos trilhos com os países em desenvolvimento.

A China opera fortemente na África, na América Latina, ao lado do pacífico e domina o mundo asiático e, agora, por conta do equívoco americano, restabelece relações com o Japão, com a Coreia do Sul, com Singapura e com Vietnã.

Essa desglobalização promovida por Trump, além de colocar a economia mundial em choque, pode criar uma nova ordem no mundo, nova organização geopolítica e econômica em geral.

Hoje, as referências são EUA, México, Canadá, China, Europa, Rússia, Brasil, África e América Latina. Essa organização está desfeita e, com a saída dos EUA, haverá uma nova ordem mundial e, por consequência, as novas organizações geopolítica, econômica e comercial. Ainda temos que entender o papel da Rússia, que sequer foi taxada.

A partir desse cenário, a China deve se afastar da Rússia para se cardinalizar com o Japão, com a Coreia do Sul, com Singapura, com Vietnã, com a África e com a América Latina.

Haverá um novo modelo de parcerias pelo mundo afora, e o que está em disputa é o futuro da humanidade.

A nova geopolítica mundial poderá ter um novo formato, um deles possível:

  • Bloco I – China, Japão, Coreia do Sul, Singapura, Vietnã, África e América Latina.
  • Bloco II – Rússia e seus satélites.
  • Bloco III – EUA, México e Inglaterra.
  • Bloco IV – Europa e Canadá.

Trump, preso ao século passado, não consegue sequer entender que as profissões do futuro não são aquelas pregadas e defendidas pelo metalúrgico de Detroit, convidado para reforçar a sua equivocada tese.

O presidente dos EUA abdicou de representar a grande cardinal, que sempre foi a nação americana, fazendo opção por uma obra que não tem catálises – é governar de costas para o mundo.

O mundo é um grande Shopping - é um verdadeiro balcão de negócios, e o governo Trump acaba jogando tudo isso na cesta chinesa.

O Brasil não deve se deixar enganar por conta de ter sido taxado entre 10% a 25% (aço e alumínio).

Toda essa situação é muito complexa. Não podemos cair numa dependência da China ou na de qualquer outro país ou continente. Embora Trump esteja enterrando o multilateralismo, o mundo precisará continuar promovendo-o, pois há vida inteligente e saudável além dos EUA. A economia brasileira é, e continua sendo, muito vulnerável. Precisamos melhorar a nossa capacidade de competição internacional, porque só viver de comodity é apostar no atraso.

Essa ruptura global pode oferecer um horizonte de oportunidade ao Brasil. A economia brasileira precisa se diversificar, aumentar a sua presença na cadeia produtiva mundial, exportar produtos com valor agregado, pois é esse tipo de produto que pode aumentar, exponencialmente, o superávit da nossa balança.

Ainda há no Brasil um grande GAP em relação a nossa capacidade no uso das novas tecnologias. Na medida em que o Brasil parece ter perdido o timing da história, transformou-se num consumidor de tecnologia, porém, com pouquíssima inserção no polo de desenvolvimento e no de produção dessas mesmas tecnologias.

O que Trump apresentou ao mundo, no último dia 02 de abril, poderá ter sido o maior equívoco de um governo americano.

Oswaldo Fernandes foi secretário da Educação em Jundiaí

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