OPINIÃO

Corpo em pane: os impactos do excesso de carboidratos

Por Redação |
| Tempo de leitura: 3 min

Vivemos em um mundo onde o pãozinho da manhã, o arroz do almoço e o docinho da tarde são a nossa rotina. Não há problema em gostar de comida gostosa, o problema é quando a base da nossa alimentação se resume quase que exclusivamente a carboidratos, especialmente os refinados e ultraprocessados.

O excesso de carboidratos, especialmente quando não vem acompanhado de fibras, boas fontes de gorduras e proteínas, pode se transformar em um inimigo silencioso da nossa saúde. Afinal, o que parece inofensivo, como um suco “natural” cheio de açúcar ou aquela bolachinha “fit”,  pode, a longo prazo, desencadear desequilíbrios metabólicos sérios.

Quando comemos carboidrato em excesso, especialmente os de alto índice glicêmico (aqueles que viram açúcar rapidamente no sangue), nosso pâncreas é forçado a produzir mais insulina para dar conta do recado, e com o tempo, o corpo começa a resistir a essa insulina. É aí que surge a famosa “resistência insulínica", a porta de entrada para o diabetes tipo 2 e uma série de outras complicações de saúde.

O pior é que não para por aí. Estudos recentes mostraram que a resistência insulínica e os níveis cronicamente altos de glicose no sangue podem estar relacionados ao aumento do risco de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, que já está apelidado por alguns especialistas como “diabetes tipo 3”. O nosso cérebro depende de insulina para captar glicose e gerar energia, quando há uma falha nessa comunicação, surgem inflamações, perda de neurônios e risco elevado de doenças. Portanto, a forma como comemos hoje pode impactar nossa memória e clareza mental no futuro, um futuro muitas vezes próximo. Eis aqui mais um motivo para reduzir açúcares e ultraprocessados.

Nosso cérebro é um órgão extremamente sensível à qualidade da nossa alimentação. Um consumo exagerado de carboidratos, aliado à deficiência de proteínas e gorduras boas, pode afetar neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, fundamentais para o humor, o foco e a motivação. Sabe qual o resultado? Queda de energia ao longo do dia, dificuldade de concentração, oscilações de humor e, em casos mais sérios, quadros de ansiedade e depressão. Isso sem falar nas famosas “nuvens mentais”, aquela sensação de que a cabeça está lenta, desconectada, como se algo estivesse sempre fora do lugar.

E a proteína, onde fica? Enquanto o excesso de carboidrato faz barulho, a deficiência de proteína muitas vezes passa despercebida, mas é tão prejudicial quanto. A proteína é essencial para a construção e manutenção de tecidos, produção de enzimas, hormônios e neurotransmissores. Sem ela, o corpo entra em um estado de catabolismo: perde massa muscular, a imunidade cai e o metabolismo desacelera. Além disso, a proteína é uma aliada poderosa no controle do apetite e na manutenção de níveis estáveis de glicose no sangue. Ou seja, ajuda a evitar aqueles picos e quedas de energia que vêm depois de um lanche cheio de açúcar.

A falta de proteína na alimentação pode afetar diretamente a produção dos neurotransmissores essenciais para nosso bem estar, como serotonina, dopamina e GABA, que são fabricados a partir de aminoácidos, presente nas proteínas. Quando o corpo não tem matéria-prima suficiente, o cérebro sofre e surgem os sintomas como apatia, fadiga crônica, irritabilidade e quadros de ansiedade e depressão.  A boa alimentação não é só uma questão de estética e energia física, mas é também um profundo cuidado com nossa saúde mental!

Equilíbrio é a chave de tudo! Não se trata de “demonizar” os carboidratos, pois eles têm sua função e são importantes em diversos contextos, especialmente quando vêm de fontes naturais, como raízes, frutas e legumes. Mas é fundamental aprender a fazer escolhas mais conscientes, priorizando qualidade ao invés de quantidade, e dando espaço para proteínas de boa qualidade, gorduras saudáveis e fibras em nossos pratos. Desta forma,  nosso corpo e mente agradecem. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é especialista em coluna e treinamento desportivo, pioneira do método ELDOA no Brasil (licianarossi@terra.com.br)

Comentários

Comentários