LOUVEIRA

Alunos organizam ato contra projeto que muda auxílio-transporte

Por Marília Porcari |
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Divulgação
Estudantes já protestaram e planejam novo ato na Câmara
Estudantes já protestaram e planejam novo ato na Câmara

Um grupo de estudantes de Louveira está organizando movimento contra o Projeto de Lei nº 12/2025, que altera o atual formato do auxílio-transporte para alunos que estudam fora da cidade, hoje feito através de linhas de ônibus e vans que levam até as universidades, faculdades e escolas em municípios vizinhos. A proposta é que esta ajuda seja feita através de auxílio financeiro e a responsabilidade de conseguir o transporte até o local de estudos será do próprio aluno.

Para os estudantes, a proposta será prejudicial, pois não irá cobrir os custos do deslocamento. “Este modelo tem diversos contras, na nossa visão”, diz Agnes Sousa Vale, uma das alunas que está neste movimento. Para ela, em especial, a dificuldade maior será encontrar transporte que atenda os horários diferenciados de seu curso de Engenharia Civil, que é em uma universidade em Campinas. “Alguns dias da semana tenho uma pré-aula que começa às 17h30. Poderia contratar um transporte para o período normal, que é das 19h30 às 22h35, mas nas duas vezes por semana que preciso ir para a faculdade antes, teria que arcar com transporte sozinha”, diz, calculando que mesmo que vá de carro de aplicativo, os valores ficam muito altos e provavelmente não serão cobertos pelo auxílio que a Prefeitura de Louveira vai oferecer.

A estudante destaca que há diversos outros alunos na mesma situação, que há cursos com aulas às 18h30, outros aos sábados, e mesmo que tentem organizar para juntos fecharem uma van ou outro tipo de transporte, ainda ficará inviável. Hoje a prefeitura oferece linhas de transporte nos horários que os alunos precisam, serviço que Agnes utiliza desde de 2020. Ela, inclusive, utilizou o mesmo benefício para estudar em Jundiaí durante o Ensino Médio, quando fazia integrado ao Ensino Técnico, em 2017. Tudo sempre gratuitamente e com as alterações propostas, Agnes acredita que alguns custos possam ser gerados e nem todos os estudantes atualmente beneficiados vão conseguir arcar.

“Algumas linhas têm pouquíssimos alunos, não dá uma van de 15 passageiros, não consegue fechar contrato.  Então esses alunos não conseguiriam o transporte por van, teriam que tentar uma outra alternativa. Qual seria a alternativa? Carro? Nem todo mundo tem carro, nem todo mundo vai conseguir dividir esse transporte. E a prefeitura não tem solução”, ressalta, lembrando que hoje o transporte atende a demanda de todos, mas essa proposta nova não. “A prefeitura não demonstrou como vai ser capaz de cobrir os custos de todos os alunos. E se eles não forem capazes, aí estão gerando um custo para  gente, um custo que nem todo mundo consegue arcar”, considera.

Agnes diz ainda que houve reunião com a Prefeitura, outras conversas devem ser realizadas nos próximos dias, mas que na próxima Sessão Ordinária na Câmara Municipal de Louveira, no dia 15 de abril, o grupo de estudantes estará lá para se manifestar contrário ao projeto. Os alunos já realizaram um protesto no último final de semana e conseguiram mais de 200 assinaturas em um abaixo-assinado contra a proposta de mudanças no auxílio-transporte.

Prefeitura sem dinheiro

A Prefeitura de Louveira respondeu por nota aos questionamentos feitos pela reportagem do Jornal de Jundiaí e informou que a medida está sendo tomada, pois é a única maneira encontrada pela atual gestão, de Paulo Finamore, para manter o que consideram um “importante benefício”. De acordo com a nota, hoje a cidade tem uma dívida de R$ 210 milhões e esta reformulação “trará economia para a cidade possibilitando manter o serviço, oportunidade para empreendedores familiares e locais de transporte coletivo, gerando renda e empregos, e ainda melhorar a qualidade do serviço aos usuários”.

A proposta é que estas mudanças passem a vigorar no segundo semestre deste ano e, neste período, haverá suporte para os alunos por parte da secretaria de Educação para a transição. A Prefeitura não respondeu até o fechamento desta matéria sobre qual será o valor pago aos estudantes para cobrir os custos com transporte e nem no Projeto de Lei está detalhada a economia que esta alteração proporcionará.

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