
Ingredientes
Geleia
- 1 kg de goiabas
- Meio kg de açúcar
- 1 limão
- 1 copo americano de água
Compota
- 1 kg de goiaba
- Meio kg de açúcar
- 4 paus de canela
- 1 litro de água
Goiabeiras são árvores tropicais, nativas de toda a América, com exceção de México e Canadá. Em nosso país, onde aparecem em todas as regiões, recebem nomes derivados do tupi: goiaba, guaiaba, guaiava, guava, guiaba. Todos fazem jus a uma das suas características mais marcantes, já reconhecida pelos índios: ‘fruta que tem muitas sementes.’ A outra qualidade é seu marcante perfume.
Conforme a espécie, os frutos variam no aspecto externo e interno. Dentre as vermelhas, a Cascuda tem frutos medianos e casca espessa e a Courtbel, frutos grandes, polpa firme, poucas sementes, o que a faz indicada para consumo in natura. Muitas espécies resultaram de melhoramento genético promovido especialmente por imigrantes japoneses nas áreas rurais das cidades de Registro e Campinas. Umas são melhor aproveitadas quando consumidas em forma de compotas, geleias, sucos e sorvetes.
No condomínio onde moro há cinco goiabeiras cuja espécie desconheço. Todos os dias passo por elas na minha caminhada diária de uma hora. E tendo acompanhado seu florescimento e o aparecimento dos frutos, percebi que neste ano, talvez por conta do calor absurdo, elas ficaram mais carregadas que nos anteriores. Aos poucos foram amadurecendo e caindo ao chão, o que me fez lembrar que quando menina eu não deixaria passar batido. As crianças da vizinhança não devem gostar, ao contrário dos passarinhos que fazem a festa. Numa dessas manhãs de início de outono resolvi colher algumas e fazer com elas dois doces bem brasileiros de cor linda e sabor inigualável: a compota e a geleia. Goiabada não passou pela minha cabeça porque para tal precisaria de balaios de frutas.
Para a geleia lavei bem as frutas, retirei sinais de cicatrização nas cascas, o cabo e o sinal do broto. Depois cortei cada uma em quatro. Coloquei no copo do liquidificador, juntei um copo de água e bati por três minutos. Passei por peneira fina de modo que na trama só ficassem as sementes. Coloquei a polpa numa panela grande (porque na finalização o doce espirra), juntei o açúcar e o caldo do limão, mexi, levei ao fogo, deixei levantar fervura e então baixei a chama. De vez em quando dava uma olhada e mexia, até espessar e ganhar um lindo tom avermelhado, o que aconteceu ao final de vinte minutos. Tampei a panela, deixando uma fresta porque nessa altura começa a grudar. A partir daí e por cerca de mais quinze minutos, mexi para não grudar. Quando começou a aparecer o fundo da panela, desliguei a chama, esperei esfriar e coloquei num pote que guardei na geladeira para comer com queijo da Canastra. Esta geleia dura dois meses fora da geladeira e até seis meses dentro.
A compota é mais trabalhosa. As frutas devem ser higienizadas, descascadas, cortadas ao meio, esvaziadas de todas as sementes, o que se faz com auxílio de uma colherinha. As sementes, sempre envolvidas num pouco de polpa, são aproveitadas para fazer a calda, depois de misturadas à água e passadas na peneira. O que se obtém é um líquido rosado que se mistura com o açúcar e os paus de canela, levando-se fogo até ferver. Agregam-se então as metades das goiabas que serão cozidas em fogo baixo por meia hora, ou até a calda engrossar. As goiabas devem ficar cozidas mas não desmanchadas. Duram semanas na geladeira e ficam deliciosas com requeijão cremoso.
Sonia Machiavelli é professora, jornalista, escritora; membro da Academia Francana de Letras.