OPINIÃO

Emagrecimento e saúde: a verdade que ninguém quer ouvir


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Nos últimos anos a ciência da saúde tem evoluído muito. Sabemos mais sobre metabolismo, hormônios, inflamação, comportamento e composição corporal do que nunca. Mesmo assim, quando o assunto é emagrecimento, ainda existe muita confusão sobre o que realmente funciona, quais as dietas milagrosas e os treinos mágicos. Qual o papel da alimentação, da atividade física e do estilo de vida nesse processo?

Quer saber qual é a verdade? Só emagrece quem “fecha a boca”. Mas calma, essa frase precisa ser entendida com profundidade.

Sabemos que o fator determinante para o emagrecimento é o déficit calórico, ou seja, consumir menos do que se gasta. É praticamente impossível alcançar isso apenas com atividade física, sem ter a alimentação como pilar central. Estudos mostram que o exercício físico contribui com cerca de 10 a 30%
do gasto calórico diário, enquanto a alimentação representa os outros 70 a 90%.

Então, se o segredo está na comida, por que ainda falo tanto de movimento?

Porque emagrecer de forma saudável e sustentável é muito mais do que contar calorias. É sobre mudar a vida, e é aqui que a atividade física, o sono, o gerenciamento do estresse, a consciência corporal e a rotina fazem toda a diferença.

A atividade física, embora não seja o fator número um para emagrecer, é uma das chaves para manter o emagrecimento, evitar o efeito sanfona e proteger o corpo contra a perda de massa muscular. Além disso, melhora o humor, regula o apetite, reduz o estresse e fortalece a mente. Ou seja, ela ajuda você a virar a chave, sabe aquela mudança interna que transforma o emagrecer em consequência e não mais em um objetivo sofrido?

Trago alguns fatos recentes e descobertas importantes para vocês.

A inflamação crônica impede o emagrecimento. Dietas ricas em alimentos ultraprocessados e pobres em micronutrientes inflamam o corpo e desequilibram hormônios fundamentais como insulina, leptina e cortisol. Isso dificulta a queima de gordura e aumenta o seu acúmulo.

O sono é fundamental. Dormir mal desregula os hormônios da fome (grelina e leptina), aumenta o apetite e reduz a saciedade. Além disso, o corpo estressado pelo cansaço guarda gordura como mecanismo de proteção, como um fator de sobrevivência.

O cérebro precisa participar do processo. Estudos em neurociência mostram que consciência corporal e emocional estão diretamente ligados ao comportamento alimentar. A prática de atenção plena (mindfulness), técnicas de respiração e exercícios de autoconsciência ajudam no autocontrole e na clareza para fazer boas escolhas e seguir firme nos objetivos.

O movimento consciente vale mais. Treinos que envolvem foco, postura, alinhamento e intenção, aliados ao prazer, têm impacto profundo no sistema nervoso, reduzem dores e estimulam o sistema linfático, essencial no processo de emagrecimento.

As mudanças no estilo de vida são mais importantes do que qualquer dieta. O emagrecimento que permanece é aquele construído aos poucos, com escolhas melhores no dia a dia, e não com sacrifícios temporários.Comer bem deve ser um hábito e não algo passageiro. Queremos que a saúde permaneça!
Resumindo, você vai precisar fechar a boca, sim! Emagrecer é simples na teoria, mas complexo na prática. Não é preciso fechar a boca para sofrer, e sim para escolher melhor. Comer com consciência, qualidade e equilíbrio requer autoconhecimento. O exercício físico é a ferramenta que sustenta a jornada, já que fortalece o corpo, clareia a mente e abre espaço para novas e deliciosas rotinas. O sono e o estresse regulam o terreno interno para que o corpo esteja pronto para soltar o peso que não precisa mais carregar, literalmente. Emagrecer com saúde é muito mais sobre viver melhor do que pesar menos. Quando você entende isso, o emagrecimento se torna um bônus de um novo estilo de vida. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é especialista em coluna e treinamento desportivo, pioneira do método ELDOA no Brasil (licianarossi@terra.com.br)

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