É sempre importante verificar a evolução dos indicadores econômicos dos Estados Unidos, isso porque o que ocorre na maior economia do mundo, com o dólar sendo a principal moeda de curso internacional, provoca, em cadeia, efeitos na conjuntura econômica global.
Nesta semana, ocorreu a reunião do Banco Central Americano, o FED – Federal Reserve e, também do COPOM – Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil.
O FED – Federal Reserve manteve os juros básicos de 4,25 % a 4,5 % ao ano. A inflação americana está relativamente baixa e estável, ainda sem os efeitos das tarifas sobre as importações, impostas pelo governo de Donald Trump, cujos efeitos provocarão aumentos na inflação do País e, também, efeitos na economia, com a desaceleração do ritmo e retrocesso econômico. Vale destacar também que o governo americano vem trabalhando forte no corte de gastos, com a demissão de milhares de funcionários do governo. É o caminho para uma recessão na economia, com efeitos iguais na economia mundial.
Aqui, no Brasil, na reunião do Banco Central, os juros básicos da economia, a SELIC, foi aumentada de 13,25 % para 14,25 % ao ano. A inflação interna está pressionada pelo aumento dos alimentos e, com a desvalorização do real frente ao dólar; os insumos importados também corroboram para o aumento da inflação.
O Banco Central sinalizou que tenderá a aumentar novamente os juros na próxima reunião, em maio, porém em um percentual menor de 1,0 %. Esse posicionamento está ligado aos gastos do governo, que provocam déficits primários no orçamento público (sem os juros sobre a dívida interna) e, como consequência, aumento da dívida.
O Congresso Nacional acabou de aprovar o Orçamento Público, para este ano, num total de gastos correntes e investimentos, que chegam a R$ 5,8 trilhões, prevendo um superávit primário de 0,1 % do PIB – Produto Interno Bruto, ou seja, R$ 15 bilhões, o que não ocorrerá.
A triste realidade é que nos últimos trinta anos, o Brasil cresceu mediamente, a metade do crescimento dos demais países da América Latina. Falta-nos, não somente poupança interna e investimentos públicos em saneamento básico e infraestrutura, com grandes gargalos de estrangulamentos na logística nacional.
Os juros altos, inibidores de investimentos e o câmbio desvalorizado, que torna os bens importados mais caros, vem provocando retrações na formação bruta de Capital Fixo (investimentos externos e internos).
Passamos, há anos, por uma difícil trajetória de Gestão Pública em nosso País.
Messias Mercadante de Castro é professor de economia, membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas (messiasmercadante@terra.com.br)