
Um filme vencedor do Oscar pode transformar realidades, e para os gatos pretos, o ganhador da Melhor Animação de 2025, Flow, trouxe mudanças significativas. Segundo o Instituto Ampara Animal, o longa-metragem letão ajudou a aumentar a busca por adoção desses felinos, historicamente associados a superstições negativas. A viralização do termo "gato preto tipo Flow" em redes sociais, impulsionada por uma publicação no X (antigo Twitter), contribuiu para essa nova percepção.
A publicação, que mostrava um gato preto ao lado de uma estatueta do Oscar, rapidamente viralizou, levando a um aumento no interesse por esses animais. Entretanto, o Departamento do Bem-Estar Animal (DEBEA) afirma que não observou crescimento na procura por gatos pretos para adoção. Atualmente, o órgão possui 16 gatos e 63 cães disponíveis para novos lares.
Para Gabriel Castello, tutor de dois gatos, o preconceito contra felinos de pelagem escura ainda persiste. Em 2017, sua gata Gaia sobreviveu a um envenenamento ocorrido em uma sexta-feira 13. “A veterinária falou que ela tinha poucas chances de sobreviver. A Gaia ficou três dias internada e se recuperou”, comenta.
Rosane, tutora da gata Penélope, também compartilha sua experiência com felinos de rua. “Meu primeiro gato preto, o Packer, apareceu quando vi um homem soltando um cachorro contra ele na rua. Peguei na hora e levei para casa, onde viveu comigo por 15 anos.” Além da Penélope, Rosane cuida de cerca de nove gatos de rua, incluindo pretos, e enfrenta resistência de vizinhos. “Muitos acham que os animais de rua não são problema deles, mas o bem-estar animal é responsabilidade de todos. Precisamos de políticas de conscientização para mudar essa realidade”.
A presidente da União Internacional Protetora dos Animais (Uipa) Jundiaí, Carmela Maria Rivelli Panizza, destaca que a valorização dos gatos pretos reflete um avanço na mentalidade das pessoas. “Houve tempos de perseguição e crendices negativas, mas hoje esses felinos também recebem amor e respeito”, afirma. Ela ressalta ainda a importância dos felinos na natureza.
Carmela também reforça a necessidade da conscientização na adoção. “Sempre orientamos os adotantes sobre a responsabilidade de levar um ser vivo para casa. Não se trata apenas de oferecer abrigo, mas de garantir bem-estar e carinho para toda a vida do animal.”
Apesar do impacto cultural do filme e da crescente discussão sobre o tema, especialistas reforçam que a adoção de animais deve ser feita com responsabilidade. Órgãos como o DEBEA realizam entrevistas para garantir que os adotantes estejam preparados para acolher um animal de estimação, que, independentemente da cor, merece um lar seguro e amoroso.