Não é de hoje que a comunicação desempenha papel fundamental na sociedade. As origens do mundo visto como uma grande teia conectada está no conceito pioneiro de “aldeia global”, de Marshall MacLuhan. No livro publicado em 1962, ele previu que a comunicação eletrônica transformaria o mundo em uma grande rede de interações simultâneas, recriando uma forma de organização social similar às culturas orais, com comunicação instantânea, circular e descentralizada. Antecipando, décadas antes da internet, a lógica de redes que atualmente estruturam a vida social e corporativa.
Desde então, a comunicação assertiva ganhou destaque tanto nas organizações como nas relações cotidianas do cidadão comum. A popularização e acesso do uso das mídias sociais trouxe uma nova lógica marcada pela interconectividade, transformando o mundo em uma grande rede de interações simultâneas. Posteriormente, Edgar Morin e Gregory Bateson trazem o modelo sistêmico, no qual cada mensagem, gesto ou silêncio influencia o todo. A organização deixa de ser um sistema linear e hierárquico, e passa a funcionar como um organismo vivo, sensível às interações. A comunicação passa a ser vista como uma teia complexa e interdependente.
Nesse contexto, as habilidades comunicativas ganham status e poder na disputa por atenção da plateia, sempre ávida por novidades, dentro de um oceano abarrotado de informações no universo das mídias sociais. Voltando a MacLuhan, na perspectiva da comunicação em rede “o meio é a mensagem”, ou seja, a apresentação do conteúdo impacta profundamente como a informação é percebida pelo público.
A habilidade da comunicação assertiva, empática, clara, consistente, coerente, intencional gera confiança no público-alvo. Fortalece a maturidade comunicacional das equipes nas organizações, além de favorecer a construção de ambientes mais saudáveis, produtivos e inovadores.
Há menos de seis meses, apresentei nesta coluna a Mad Skills, uma competência que vê o potencial humano e reconhece que as vivências pessoais e os interesses únicos de cada indivíduo contribuem para uma maior diversidade e inovação dentro das organizações. Atributos que vão além das “Soft Skills” – aquelas habilidades interpessoais e comportamentais, como comunicação, liderança e empatia, que facilitam a colaboração e o relacionamento com os outros. Falamos também das Hard Skills, as competências técnicas específicas, como conhecimento em ferramentas, técnicas e metodologias que podem ser mensuradas e ensinadas, essenciais para a execução direta de tarefas e o cumprimento de funções específicas no ambiente profissional. Agora temos a “Power Skills”.
A ex-líder global na Nike e CEO da SuperJump, Dafna Blaschkauer, no livro Power Skills propõe uma nova abordagem para valorizar e desenvolver competências humanas estratégicas e intransferíveis, que incluem feedback estruturado, garantindo comunicação eficaz; empatia, escuta ativa, colaboração, criatividade, pensamento crítico, gestão emocional e capacidade de adaptação. Reuniões com propósito; desenvolvimento contínuo, criando um ambiente de aprendizado constante, que podem transformar organizações, relações interpessoais, famílias e comunidades.
Voltando à aldeia global e ao pensamento em rede de MacLuhan, cada ponto de conexão importa. Comunicar com consciência é a chave para fortalecer os fios que sustentam a rede.
Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora
(rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)