OPINIÃO

Com Dom Arnaldo


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Estar com Dom Arnaldo Carvalheiro Neto, nosso querido Bispo Diocesano, sempre é um acréscimo em conhecimento, reflexão, sensibilidade e acolhimento. De surpresa, inclusive, por suas atitudes diferenciadas em favor do bem.

Convivemos com ele, em sua casa, durante algumas horas, no último sábado. Pelo interesse dele em questões culturais e por ser Carnaval, me veio Noel Rosa (1910-1937), cantor, compositor, sambista, o poeta da vila, com As Pastorinhas: “A estrela d'alva/ No céu desponta/ E a lua anda tonta/ Com tamanho esplendor/ E as pastorinhas/ Pra consolo da lua/ Vão cantando na rua/ Lindos versos de amor...”

Nosso Bispo é muito da arte, da literatura, da música, do samba, do povo, da simplicidade, sem deixar de ser Bispo Pastor que leva seu povo à terra prometida onde mana leite e mel. A arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992) dizia: “Há um gosto de vitória e encanto na condição de ser simples. Não é preciso muito para ser muito”. O poeta Manoel de Barros (1916-2014) escreveu: “Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim, poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas)”.

Chama-me a atenção também o samba “Filosofando” de Noel Rosa com André Filho: “O mundo me condena e ninguém tem pena/ Falando sempre mal do meu nome (...) Não me incomodo que você me diga/ Que a sociedade é minha inimiga! / Pois, cantando neste mundo/ Vivo escravo do meu samba/ Muito embora vagabundo! / Quanto a você da aristocracia/ Que tem dinheiro mas/ Não compra alegria! / Há de viver eternamente/ Sendo escrava dessa gente/Que cultiva hipocrisia!”

O encontro teve como objetivo receber e agradecer aos artistas locais que deram mais cor à residência episcopal e saber do diálogo de cada um com sua obra. Estiveram presentes: Karine Vizicato da Mediani Vizicato Arquitetura, Alessandra Dias e o esposo da loja Dias de Maria, Arthur Henrique, Fernanda Zanholo da Empresa Feni Home, Ana Clara Accieri (que afresco mais lindo!) e Priscila da Loja Ambra.

Ajudando a receber, meu amigo cientista social Samuel Vidilli, o seminarista Édson Júnior e a Célia, que é da arte da culinária com sabor e afeto.

Uma vivência tão especial provocada por Dom Arnaldo, onde não faltaram preces e a reflexão sobre a grandeza e as maravilhas de Deus. E que maneira amável, nesse mundo de tanta brutalidade, em realçar o jeito de ser e de cultivar o belo dos que ali estavam. Enquanto cada um falava e ele perguntava, eram perceptíveis os sorrisos de inspiração com toques do céu. Sou muito grata pelo convite.

Nosso Bispo, como lhe é próprio, conseguiu estabelecer uma sintonia de carinho por demais agradável, que envolveu a todos.

Que coisa boa conhecer gente nova com atividades diferentes, mas ideal em comum. Trocar experiências, saber de parcerias, despertar o interesse de se ver em oportunidades diversas.

O poeta Manoel Barros também escreveu: “Se você não usar o amor, o amor apodrece em você”. Tem sido essa postura de Dom Arnaldo nos lugares em que se faz presença: usar o amor e convidar as pessoas, independente de suas crenças, a fazer o mesmo.

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

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