OPINIÃO

Afinal, é boa ou é ruim a SAF para o Paulista Futebol Clube?


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Nenhuma SAF no Brasil completou o seu contrato até agora. Portanto, não se pode afirmar que sejam boas ou ruins, pois elas “ainda estão acontecendo”.

O Cruzeiro trocou de dono no meio do caminho. A do Vasco faliu. A do Botafogo ganhou títulos mas não deu lucro. A do Gama foi devolvida pela Justiça. A do Atlético é dona do estádio e virou proprietária do shopping. E por aí vai.

Eu sou defensor de time-empresa, multigroup, SAF, ltda, ou qualquer equivalente – mas desde que se tenha competência na gestão e transparência.

É necessário lembrar: S.A.F é como uma S/A qualquer, mas de Futebol. Assim, existem as boas e as ruins; as de busca pelo lucro e as de malandragem. As de negócios honestos e as de lavagem de dinheiro. As que farão os clubes crescerem ou as que farão os clubes sumirem. E, talvez o mais importante: as que, depois do término do contrato, terão valido a pena e as que terão complicado ainda mais o time. Por isso, é fundamental pensar: como estará o clube, as contas e o seu patrimônio, ao longo prazo?

Vamos para a EXA Capital e o Paulista FC. Eu, particularmente, sou a favor de uma SAF que seja séria, parceira e que busque o lucro de uma maneira ética. E aí fica a questão: a interessada pela compra do Paulista, é assim?

Pedro Mesquita, seu proprietário, é um negociador rico e inteligente, que busca lucro. Será o dono, e ele poderá fazer o que quiser. Vide Textor no Botafogo ou Pedrinho BH no Cruzeiro. O torcedor não terá poder algum, afinal, é uma empresa, e nem os cartolas da associação esportiva, como o presidente ou o vice. (Vide a relação Mancha Verde e Leila Pereira, que embora não seja SAF, tem gestão profissional). Mas não estou dizendo que isso é ruim ou bom.

Enfim: eu sou a favor de uma SAF, mas ainda não posso dizer que defendo ou repudio essa SAF proposta pela EXA por um simples motivo: não conheço (como a maioria das pessoas) o que ela oferecerá e o que ela pedirá!

Como dizer SIM ou NÃO, se não sabemos quanto pagará, o que trará, como administrará, quem contratará para a gestão, como se dará, e por aí vai? E o lado contrário: o que exigirá, qual a contrapartida, o que levará ou o que deixará?

Tendo tudo isso esclarecido, será possível se posicionar. Por ora, não é hora de palpitar, a não ser, um único pitaco: se o Paulista colocar o Estádio Jayme Cintra como propriedade da SAF, ao invés de assinar um acordo de comodato ou cessão temporária, aí eu não concordo. Depois de encerrado o acordo, o cara fica com o estádio e o Paulista jogaria no Dal Santo ou no Aramis Poli?

Aliás, não vale argumentar que “o estádio vai ser tombado e o investidor nada poderá fazer, a não ser ceder ao Galo”. Isso é bobagem, estando em posse dele, a lei poderia mudar. Aliás, as leis não são perpétuas no Brasil. E outra: vai querer ser mais esperto do que ele, tentando dar esse “passa-moleque” de tombamento?

Se perder o Jayme Cintra, dificilmente o Paulista FC vai construir um estádio a curto prazo, sejamos realistas.

É hora de aguardar.

Rafael Porcari é professor universitário e ex-árbitro profissional (rafaelporcari@gmail.com)

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