Em novembro o Brasil deverá receber dezenas de milhares de visitantes que participarão da COP30, em Belém do Pará. Não é algo distante para qualquer cidade brasileira. Todos os brasileiros precisam entrar no clima de COP. E o que significa COP?
Esta sigla designa a Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática. A sigla em inglês é UNFCCC. A síntese em três letras começou em 1992, na primeira Conferência realizada no Rio de Janeiro.
Não é preciso enfatizar que o maior perigo que assola a humanidade é a emergência climática derivada do aquecimento global. Não é natural, é provocada pela humanidade, que teima em se utilizar de combustíveis fósseis, que envenenam a atmosfera e geram o efeito estufa, causador da elevação exagerada da temperatura. Algo que será fatal para a vida no planeta.
Depois de três COPs realizadas em países produtores de petróleo – Egito, Emirados Árabes e Azerbaijão – esta Conferência sediará na floresta amazônica, lugar emblemático e vítima de toda espécie de atentados. Prevê-se comparecimento até maior de partícipes, chegando a ultrapassar a cifra de cem mil visitantes.
Há muita esperança em relação ao Brasil, que deixou a posição de Pária Ambiental, ao menos no discurso. A incoerência é querer explorar petróleo na foz do Amazonas. Petróleo que só estará disponível no ano em que a humanidade convencionou não usar mais combustíveis fósseis.
A COP29 foi um fiasco em termos de definição de um NCQG – Novo Objetivo Coletivo Quantificado. A necessidade é de um trilhão e trezentos bilhões de dólares anuais para se avançar na descarbonização e o que se conseguiu foi a quantia de trezentos bilhões. O trilhão ficou para depois. Será que o Brasil terá condições de negociar um acordo que satisfaça 193 nações?
Também será preciso demonstrar que o desrespeito ao Acordo de Paris, que previa acréscimo de apenas 1,5º C na temperatura global, pode ser revertido mediante consistente atuação de todos os países. Ainda estará em foco o estabelecimento das metas climáticas definidas pelos países, mais uma sigla em inglês: NDCs, que significa Contribuições Nacionalmente Determinadas. Ou seja: qual a redução nas emissões dos gases de efeito estufa que cada país está disposto a assumir?
O Brasil precisa participar das discussões da COP30. Todas as escolas, todas as Igrejas, todas as associações, todos os Sindicatos, todas as empresas, o Terceiro Setor e a Sociedade Civil, precisa haver um mergulho diuturno para que esse tema conte com a adesão da humanidade. Não haverá escapatória para qualquer pessoa, se o clima se tornar inviável para a manutenção do mínimo necessário para viver.
Algo que todos podem fazer, individualmente ou em grupo, é aumentar a arborização das cidades. Cuidar da árvore que está diante de sua casa. Ou pedir que seja plantada uma ali, se ainda não houver. Fazer mudas. Coletar sementes. Formar viveiros. Exigir do Poder Público um plantio permanente, assim como a zeladoria para que as árvores possam subsistir à carga de emissão pestilenta produzida pelos veículos.
O Brasil tem necessidade de mais de um bilhão de novas árvores. Não há cidade que possa dizer possuir número suficiente dessas amigas da vida que são as árvores. Quanto mais, melhor.
Simultaneamente, há de se converter o “inimigo da árvore” e parar de dizer que árvore quebra calçada, deixa cair folha, serve para bandido se esconder. Essas escusas são falaciosas. Sem árvore não há chuva, não há água e sem água não há vida.
O que você pensa sobre a COP-30 que será realizada em novembro na capita do Pará? Qual a sua contribuição para ela?
José Renato Nalini é Reitor, docente de pós-graduação e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo (jose-nalini@uol.com.br)