Amanhã é o último dia de janeiro de 2025. Sentiram como foi rápido? Ainda ontem era Natal. Depois de amanhã é fevereiro. Dizem que o movimento de rotação do planeta está acelerado. Consequência das emergências climáticas. De qualquer forma, a sensação é a de que o tempo se esvai com celeridade cada vez maior.
Antigamente, ele demorava a passar. Hoje, o que angustia são alguns minutos na cadeira do dentista, com o motor a funcionar. As agulhas a retirar sangue para os exames laboratoriais. Mas os anos são fugazes. Passam correndo. As lembranças vão esmaecendo. E nós precisamos manter intocável o estoque da memória para abrigar pessoas com especial significado em nossa existência.
Lembro-me hoje de Lindolfo Ferreira Paixão Filho. Ele promovia na capital um almoço com jundiaienses “desterrados” em São Paulo. Era um encontro mensal muito agradável. Impulsionado por ele. Com sua partida precoce, eles terminaram. Sempre é necessário alguém que “carregue o piano”. Os grupos funcionam à base do sacrifício individual.
Quando folheio meus álbuns de fotografia, não há como deixar de recordar Lolô Bisquolo, a querida Heloísa Del Nero Bisquolo. Ela promovia festas gostosas no Jardim Ana Maria, o ápice das moradias elegantes de Jundiaí, hoje convertido em ponto comercial. Tanto ela, como seu irmão mais novo, Henrique, já partiram.
Minha prima Bidu, Lucia Helena Copelli Franzini, depois Oliveira Ribeiro, pois se casou com Álvaro, o delegado. Ambos se foram. Assim como Sarita Rodrigues Nunes Leal, o meu querido amigo-irmão Gilberto Fraga de Novaes e seu irmão Delega, o Antonio Edmundo. Outro amigo do coração, o Sérgio Luis Sampaio Teixeira.
Tantos já estão no jardim das saudades: Wagner Moraes Oliveira, Flávio Della Serra, seu primo Mário Augusto Oliveira Bocchino e a Údi, sua irmã Maria de Lourdes. O Edgard dos Santos, de quem não tive sequer tempo de me despedir!
Estes dias, na despedida de minha prima-irmã Suely Genaro Ferrari, vi que de sua família, só resta o caçula, Sérgio Genaro. Há muito tempo residindo no Rio. Partiram a Susana, Irmã Elisabeth da Santíssima Trindade, nosso para-raios no Carmelo, a Terezinha Genaro Kieling, o Roberto e o Senibaldo, “Tite” Genaro. Também já falei de minha prima Licinia Nalini Pará, que há pouco nos deixou. As famílias vão se acabando. E se não tivermos um relicário para guardar pessoas que nos foram caras, sobreviveremos a nós mesmos.
O que dizer, então, dos que nos ajudaram na caminhada? Lincoln Carvalho Soares, Adelaide e João Fernandes Gimenes Molina, Jacyro Martinasso, Ademércio Lourenção, Cláudia Maria de Lucca, Leta e Oswaldo Bárbaro, Nela Petroni, Renato Storani, Mercedes Ladeira Marchi e Oswaldo Marchi, Maria Enid e Curt Bernhard Hermann Pachur?
Tenho dívidas insolvíveis para com Jorge Luiz de Almeida, Vitória Furlan de Souza e Vicente Genovez. Recebi muitos conselhos de Ariosto Mila e Rubens Noronha de Mello. Aprendi a trabalhar em jornal com Waldemar Gonçalves e com Tobias Muzaiel. E aprendi bom humor com Muzaiel Feres Muzaiel.
Quantos réveillons na casa dos Bárbaro, com Pituca e Picoco os melhores anfitriões que Jundiaí já teve. Casa sempre aberta para todos e coração escancarado para os amigos que eram legião.
Tenho a nítida impressão de possuir mais pessoas que já se foram, do que as que restaram. Só sinto que nenhuma delas tenha vindo me dizer o que existe lá. Se nós conservamos nossa individualidade. Se nos lembramos deste estágio. Gostaria tanto de saber. Tudo isso, só para dizer que janeiro já se foi. Que venha fevereiro. Que tenham os outros meses e os anos que nos restarem.
José Renato Nalini é reitor, docente de pós-graduação e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo (jose-nalini@uol.com.br)