
Na legislatura passada da Câmara Municipal de Jundiaí, a composição do Legislativo era marcada pela presença de representantes de diversas religiões, incluindo pastores que ocupavam cadeiras no poder público. Nomes como Pastor Conde, da Igreja Universal, Pastor Val, ligado à Assembleia de Deus, e outros como Douglas Medeiros e Albino, com vínculos a igrejas evangélicas, eram figuras comuns no cenário político local.
No entanto, na atual legislatura, a realidade é diferente. Embora os pastores não ocupem mais vagas no Legislativo, ainda existem vereadores com uma forte identidade evangélica, como é o caso de Quézia de Lucca, que, além de ser evangélica, tem um vínculo profundo com a sua igreja, a Assembleia de Deus de Ponte, conhecida como ADPonte.
Quézia, que começou sua trajetória política em 2019 com a indicação da associação de moradores de seu bairro, contou com um apoio decisivo da ADPonte para sua campanha. “Tive o apoio da ADPonte desde que fui indicada pela associação de moradores para representar meu bairro. A igreja tem sido um pilar fundamental em minha jornada, não apenas espiritualmente, mas também politicamente”, disse Quézia.
A vereadora acredita que o apoio da igreja, que conta com cerca de 500 membros em Jundiaí e muitos outros de cidades vizinhas, foi fundamental para sua vitória nas urnas. "Com certeza, os votos que recebi de fieis da ADPonte me ajudaram, mas acredito que o voto evangélico não se restringe apenas à igreja, mas aos valores cristãos que defendemos e que aplicamos em nosso mandato", afirma Quézia.
Espaço para “pautas morais”
Quando questionada sobre o espaço que tem como evangélica para se manifestar e defender “pautas morais”, a vereadora acredita que a política tem se tornado um campo de maior representatividade ideológica. "O parlamento é um espaço de ideias, de todas as ideias, e a conscientização dos eleitores sobre a importância de sua representatividade tem crescido. O voto ideológico tem se fortalecido, e as pessoas estão cada vez mais conscientes de que o mandato deve refletir seus valores e crenças", destaca.
Embora o ambiente político seja plural, Quézia acredita que como evangélica tem mais espaço para promover as pautas que considera importantes, como questões relacionadas à família, educação e os valores cristãos. "Há espaço para defender essas pautas dentro do debate democrático, onde todas as vozes têm seu lugar", completa.
Se, na legislatura passada, a presença de pastores evangélicos era marcante, o cenário nesta legislatura é mais diverso. Além de Quézia, o vereador João Victor, com seu trabalho voltado para a juventude na Igreja Lagoinha, e Madson, também com raízes evangélicas, estão entre os representantes que seguem a fé cristã, embora sem a mesma ênfase religiosa que os pastores anteriores.
Esse movimento de maior presença de representantes religiosos na política local não é exclusividade de Jundiaí. Levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa e Reputação de Imagem (IPRI) revela que, nas últimas sete eleições municipais, o número de candidaturas que explicitamente utilizam uma identidade religiosa cresceu cerca de 225%. Em 2000, eram 2.215 candidaturas com viés religioso; em 2024, esse número saltou para 7.206, um aumento considerável quando comparado com o crescimento geral de candidaturas, que foi de apenas 14% no mesmo período.
Em 2000, as candidaturas com identidade religiosa representavam 0,55% do total, enquanto em 2024, esse número passou para 1,6%, mostrando que a religião tem se tornado uma força crescente no cenário eleitoral brasileiro.
Comentários
1 Comentários
-
Edgard J Brito 25/01/2025O ex-vereador Douglas Medeiros é ativo membro da Igreja Católica.