O presidente Lula dá uma aula ao lançar o Mais Professores para o Brasil, um programa de valorização e qualificação de professores e incentivo à docência, que irá beneficiar 50 milhões de educadores em todo o país.
Estudantes com nota 650 ou mais no Enem que se matriculem em cursos presenciais de licenciatura receberão uma bolsa de R$1.050 mensais, sendo que um terço deste valor só poderá ser resgatado após ingresso como professor na rede pública de ensino.
Em outra frente, além do salário do magistério, professores receberão uma bolsa mensal de R$ 2.100, em uma política para incentivar o ingresso de docentes na rede pública e em regiões que sofrem com a falta de professores.
E se alguém duvida que essa era uma medida necessária, eu compartilho alguns números. Dados do Ministério da Educação apontam que só 3% dos estudantes de 15 anos querem ser professores. Destes, metade desiste antes de terminar o curso e só um terço dos formados em licenciatura seguem a carreira de professor.
Esse cenário desolador se deve, em grande parte, aos sucessivos ataques que a Educação vem sofrendo nos últimos anos, em especial aqui no Estado de São Paulo. Afinal, quem está disposto a se aventurar em uma carreira que, de forma injusta, remunera mal os seus profissionais, não reconhece o valor deles e os obriga a trabalhar em prédios sucateados, alguns deles com problemas estruturais gravíssimos?
E se de um lado, o governo Lula se esforça para reverter esse cenário e valorizar a Educação; do outro, não tem sido fácil acompanhar o ritmo de atrocidades que o governo Tarcísio de Freitas vem empilhando no setor.
Talvez a pior delas seja a redução em 5% da reserva mínima do orçamento do Estado de São Paulo que deve ser aplicado todos os anos na Educação. Na prática, isso significa menos dinheiro para resolver problemas que se multiplicam ano a ano. Mas não é só isso.
Tarcísio privatizou 143 escolas públicas em um modelo que o recém-reeleito prefeito da capital, Ricardo Nunes, quer adaptar para a rede municipal de ensino, antes mesmo de observar os primeiros resultados da medida em âmbito estadual.
Isso sem falar do fantasma das escolas cívico-militar, que vez ou outra volta à pauta para logo submergir novamente, diante de uma saraivada de críticas. E todos esses retrocessos aconteceram só no ano de 2024.
O desmonte da educação, aliás, parece estar no DNA do bolsonarismo. O próprio, durante o seu período no comando do país, foi um crítico feroz da ciência e cortou a níveis dramáticos os investimentos na universidade pública.
Milton Ribeiro, um dos quatro ministros da Educação que passaram por aquele governo, à época, resumiu bem em entrevista à TV Brasil o pensamento da extrema direita ao dizer que a “universidade deveria, na verdade, ser para poucos”.
Eu discordo e me alinho a Paulo Freire nesse debate, que em um de seus muitos ensinamentos, nos disse que “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.
Essa é uma daquelas verdades difíceis de discordar, talvez até para o conservador mais radical. Afinal, quem duvida que está na educação uma das chaves para o nosso desenvolvimento como país? Ou será que há quem prefira o atraso?
Eu tenho orgulho de dizer que fui professor e tive o privilégio de lecionar História em várias escolas públicas de Franco da Rocha. E sei, por experiência, que a Educação salva. Por isso, eu defendo uma educação pública de qualidade, democrática e acessível a todos, com professores valorizados e bem remunerados e escolas com uma infraestrutura moderna, que dê conta dos desafios dos tempos atuais. Na encruzilhada em que se encontra a Educação, esse é o lado que eu escolho.
Mário Maurici de Lima Morais é jornalista. Foi vereador e prefeito de Franco da Rocha, vice-presidente da EBC e presidente da Ceagesp. Atualmente, é deputado estadual em São Paulo.