O ano de 2025 começa com 100% dos clubes “ditos grandes” com técnicos de outros países. O Palmeiras e o Santos irão de portugueses (Abel Ferreira e Pedro Caixinha), e o São Paulo e o Corinthians de argentinos (Luis Zubeldía e Ramon Díaz).
Todos foram ex-jogadores (Abel, lateral direito e meio campista; Caixinha era goleiro, Zubeldía era meio campista e Ramon Díaz atacante). Ambos relativamente jovens (Abel 46, Caixinha 54, Zubeldía 43 e Días 65 – embora, muitos digam que seu filho, Emiliano, 42, é quem dirige de verdade o Timão).
No Brasil, existe muito modismo! Ora temos treinadores experientes / veteranos sendo contratados, depois temos muito jovens. Aí vivemos a fase dos auxiliares técnicos que viram efetivos. Hoje, a moda é trazer estrangeiros. Fica então a pergunta:
Em certos momentos do Brasileirão 2024, tivemos mais da metade dos treinadores vindo de outros países. Isso aconteceu...
A) Porque se deu certo com alguns (Jorge Jesus no Flamengo e Abel Ferreira no Palmeiras), os demais co-irmãos “vão na onda” e trazem na esperança de “vingarem também’?
B) Porque não temos nomes nacionais tão competentes quanto eles?
Talvez um pouco das duas situações. Da primeira leva que aqui chegou, é justo dizer que Sampaoli (no Santos FC) incomodou muita gente, ao jogar mais incisivamente no ataque, buscando “ganhar com bastante gols” (mas correndo o risco de “perder de bastante”). Aí, com as Libertadores conquistadas pelos portugueses Jorge Jesus, Abel Ferreira e agora Arthur Jorge, o debate voltou à tona.
Temos muitos treinadores brasileiros iguais ou melhores que os estrangeiros vindo aqui. Talvez, o custo-benefício seja a resposta: Gustavo Quinteros, por exemplo, saiu do Velez Sarsfield, onde disputaria Libertadores, e foi para o Grêmio (logicamente, por um salário bem maior – que tem sido um dos grandes atrativos aos sul-americanos).
A verdade é: não temos Guardiola, Klopp, Ancelotti ou alguém diferenciado mundialmente. Os que aqui estão, buscam mercado internacional, igualmente a muitos jogadores.
Ao longo dos anos, tivemos alguns estrangeiros nos ensinando. O húngaro Béla Guttmann, considerado um dos grandes treinadores da história, foi importantíssimo para o São Paulo FC (Zizinho, o craque da época, já veterano com 34 anos, declarou que só a partir de conhecer Béla Gutmann aprendeu a jogar futebol de verdade).
Sendo assim, pensemos novamente: os estrangeiros são numerosos aqui por motivo de uma nova revolução e aprendizado, ou por falta de opção?
A mesma situação precisa ser discutida para a arbitragem. Na história, conta-se que o argentino Roberto Goicochea foi importantíssimo para o desenvolvimento da arbitragem nos anos 60, sendo marcado pela honestidade (algo problemático naquela época). Por motivo de atração, nos anos 90, Eduardo José Farah importou árbitros para o Paulistão: Julio Matto, Oscar Ruiz, Epifanio Gonzales, Sándor Puhl (e um inglês que não consigo recordar o nome). Hoje, precisamos desse intercâmbio para melhorarmos nosso nível! Como exemplo: deixar o jogo correr não marcando as faltinhas forçadas e otimizando o uso do VAR. Mas aqui vem o “porém”: precisamos trazer os juízes “de ponta”, não os mais comuns ou de nações não tão relevantes na arbitragem. Ou seja: aprender e aprimorar com os bons, não com os idênticos a nós.
Enfim: no caso do apito, a vaidade dos dirigentes fala mais alto. É preferível para os cartolas dos times os árbitros nacionais (pois aí podem pressioná-los pré-jogo) do que os estrangeiros (que chegam ao nosso país, apitam, pegam o avião e não se preocupam com veto futuro).
Fica a reflexão: o excesso de treinadores estrangeiros e a falta de árbitros de fora estão fazendo bem ou mal ao futebol brasileiro?
Rafael Porcari é professor universitário e ex-árbitro profissional (rafaelporcari@gmail.com)
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