Quantos Natais vivenciaremos? Não temos controle sobre o término natural da existência terrena. Por isso, cada Natal pode ser o último. Pensemos nisso quando formos celebrá-lo.
Primeiro, lembrar que Natal não é festa comum. Não se compara a qualquer outra. É um aniversário. O aniversariante se chama Jesus, personagem histórico e fundador do Cristianismo. Para os cristãos, Ele é o Filho de Deus encarnado, que se irmanou a nós por amor genuíno. Coisa maravilhosa e à qual nem sempre oferecemos nossa maior atenção e reverência.
Depois, o Natal é o momento de exame de consciência. O que tenho feito da minha vida? Sou coerente, nas minhas obras, com o meu discurso? Como é que tenho enfrentado as batalhas da vida?
Natal é também uma época de presentes. Mas o melhor presente é estar presente. De que adianta a “lembrancinha” do Natal, se durante os doze meses anteriores não ofereci a prenda de minha atenção, de meu carinho, do meu devotamento?
Neste Natal de 2024, Jundiaí ganhou um presente. Gustavo Martinelli e Ricardo Benassi mereceram expressivo reconhecimento por parte da população. Esta soube identificar os bons propósitos de dois jundiaienses que querem o melhor para sua cidade. A cidade em que nasceram. A cidade que resultou do trabalho de quantos milhares de outros jundiaienses que nem sempre são lembrados, mas que deixaram seu suor e lágrimas na edificação desta Santa Terra.
Há esperança, portanto, de que a nova gestão municipal esteja mais atenta aos clamores do povo. Que saiba interpretar a vocação desta “Terra Querida, Jundiaí, Teus Filhos Amantes são de Ti. Que Deus abençoe, eternamente, esta Terra onde nasci...”. Principalmente nestes tempos em que a emergência climática requer atenção de todos. Poder público e sociedade civil.
Os eventos extremos continuarão a acontecer. É preciso levar a sério a questão. São Paulo já pensou nisso e o prefeito Ricardo Nunes criou, em 2021, a Secretaria Executiva das Mudanças Climáticas. Em Campinas, nossa filha que ultrapassou a mãe, o prefeito Dario Saadi mudou a Secretaria do Meio Ambiente para Secretaria do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade – SECLIMAS. Dentre as medidas de enfrentamento, criou um portal com dados sobre as principais fontes de emissão de CO2 na cidade e o número de árvores plantadas. Por sinal que embora privilegiada pela presença da Serra do Japi, que está sendo engolida pela especulação imobiliária e cuja área pública não tem crescido nos últimos anos, é urgente rearborizar adequadamente o município. Árvore é, nestes tempos – como sempre foi – a melhor amiga do ser humano.
É preciso ousadia e audácia para cuidar dessa transformação que elege como alvo prioritário o mais pobre, o mais vulnerável, aquele que mora mal, em território inadequado para receber moradia. É preciso que a cidade tenha uma Usina Verde, para compostagem do resíduo orgânico e das podas de árvores.
Urge também monitorar as áreas de descarte irregular, pois o resíduo sólido é boa parte da emissão dos gases venenosos causadores do efeito estufa. Aumentar a fiscalização, para punir quem descarta resíduos em qualquer espaço inadequado e, principalmente, aqueles que pensam que cursos d’água são coletores gratuitos de suas imundícies.
Enfim, é Natal e tempo de congraçamento. De renovação das esperanças, que ganham força na contemplação da singeleza do presépio: a criança aquecida pela respiração dos animais, sob os cuidados carinhosos de Maria e de José, admirada pelos pastores, boquiabertos pelo coro de anjos que anunciou a chegada do Salvador.
Feliz Natal aos jundiaienses, que ganharam um bom presente e confiam em dias melhores para 2025 e anos vindouros.
José Renato Nalini é reitor, docente de pós-graduação e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo (jose-nalini@uol.com.br)