O objetivo principal da Doutrina Espírita é promover o aperfeiçoamento moral das pessoas, fazendo isso com esclarecimentos e orientações e não com obrigações ou proibições. Ela nos explica que Deus, em seu infinito amor, bondade e justiça, nos proporciona o livre-arbítrio. Somos livres para fazer o que quisermos, nós que decidimos o nosso destino, não somos marionetes nas mãos do Criador e não existe determinismo, acaso ou fatalidade. Porém, consequente à lei de livre-arbítrio, existe a lei de causa e efeito, ou seja, podemos tomar as escolhas que quisermos, mas somos os responsáveis por todas as consequências advindas delas. Conforme nos ensina Emmanuel através de Chico Xavier: “Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências”. Em outras palavras, o plantio é facultativo, mas a colheita é obrigatória.
O apóstolo Paulo, em sua 1ª epístola aos Coríntios, também nos elucida: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam”; o que sintetiza exatamente as leis universais do livre-arbítrio e causa e efeito.
O Espiritismo, dessa maneira, não proíbe nada, mas sim explica e orienta sobre a nossa integral responsabilidade tanto pelas coisas boas quanto pelas ruins que nos ocorrem. Segundo Allan Kardec: “O espiritismo nada proíbe, apenas mostra os caminhos. Cabe a cada um de nós as escolhas, cientes das consequências que cada uma delas nos trará”. Fica claro que ninguém, além de nós mesmos, é capaz de dizer o que nos é proibido. Pois seremos nós que sofreremos as consequências, boas ou ruins, das nossas decisões. Não existe transferência da responsabilidade, mesmo que eu faça algo porque alguém disse para fazer, serei eu o responsável se fizer, e a cobrança de nossos equívocos deve vir da nossa consciência.
À medida que nos desenvolvemos, percebemos mais os impactos dos nossos pensamentos e ações e passamos a compreender melhor o princípio de causa e efeito. Quanto mais evoluímos, cometemos mais acertos e menos erros e, consequentemente, colhemos mais bons do que maus frutos provenientes das nossas escolhas. Essa é a função do Espiritismo, nos ensinar e ajudar em nossa evolução e, com isso, diminuir o nosso sofrimento.
Divaldo Franco nos fala: “O Espiritismo não estabelece normas de comportamento para os outros, uma vez que o seu corpo de princípios não condena as escolhas individuais de qualquer natureza. Seu papel não é proibir, é orientar, explicar aspectos novos de determinado problema e apresentar sugestões que podem facilitar a caminhada do ser no rumo da felicidade, pois cada um responde pelo comportamento que decide adotar”. Assim, o Espiritismo não usa de opressão para nos fazer ficar com medo, ele nos ensina a sermos responsáveis pelos nossos atos, ele nos mostra que tudo que fizermos terá um efeito em nossa vida. Isso é lindo, isso é amor incondicional, constituído na fraternidade e livre de ameaças.
Eduardo Battel é médico urologista, expositor espírita e coordenador da Liga de Medicina e Espiritualidade da FMJ (ebattel@hotmail.com)
Comentários
1 Comentários
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José A. Vecchi 11/11/2024Muito claras e explicativas as palavras do Battel. Mostra a grandeza da filosofia espírita que além de racional e alinhada com a Ciência é a expressão do Evangelho de Jesus.