Além de uma agenda cheia para o próximo ano que começou a ser elaborada em 2024, e que ainda desconhecemos, estão em análise os projetos que inevitavelmente serão os que a lei protege, em tempo e necessariamente, para reparar o que foi perdido por gerações de afrodescendentes e os da comunidade LGBTQIAP+ (que terão lugar nessa agenda).
A meu ver o que está mais complicado é o compromisso do prefeito em renovar o Centro. Claro que esse compromisso é importante e preciso. Mas como o fazer?
Todo prefeito tentou de alguma forma mudar o Centro, seja nas calçadas, nas ruas pedestriais ou nas praças, como escrevi no artigo “Praças Velhas X Praças Novas” nesta seção do jornal em novembro de 2022 e no artigo “A cada 4 anos um novo Centro”, de agosto de 2023, onde falo sobre a falta de preservação das nossas praças e do Centro; e nos artigos “Café Cometa e Café Caçula de volta ao Centro”, de agosto de 2023, e “Nas ruas do Centro, 2 cinemas movimentavam” de outubro de 2023 que escrevo sobre a importância de um centro vivo. Esses artigos e tantos outros estão disponíveis no Portal JJ.
O que nenhum conseguiu foi permanecer com o conjunto de edifícios em harmonia: os comerciais e os últimos exemplares residenciais em um conjunto com controle ambiental estético e com regras a seguir.
O COMPAC não aderiu a essa tarefa. Não conseguiu barrar as aberrações das fachadas plastificadas e sem manutenção. São cobertas por plásticos coloridos e cores berrantes em disputa maluca para chamar a atenção. Também não conseguiu fazer políticas de preservação junto aos proprietários e comerciantes. Uma luta perdida!
Os órgãos de aprovação também não deram conta de controlar essa desenfreada descaracterização da paisagem central. Triste! Um cenário desolador e que será complicado para o novo prefeito administrar.
A sucessão de lojas na Rua Barão, dos dois lados, à noite e com tudo fechado, parece uma única loja, com uma única bandeira. Como uma imensa loja que estará vendendo de tudo no dia seguinte. Também não sei se poderíamos falar em individualizá-las, pois são emendadas.
O tombamento não interfere, em princípio, no domínio e na posse do bem, tampouco pode constituir-se em retirada do seu direito de uso, sendo apenas limitação ao direito de propriedade, naquilo que for necessário à preservação do bem. Isso os prefeitos não fizeram. Temos apenas 144 bens protegidos precariamente no inventário.
Algumas coisas, como as possíveis relações de patrocínio de exposições, edições precisam ser procuradas. Não dá pra ficarmos esperando sentados acontecer, algumas coisas são evidentes e precisam ter esses estímulos e ações criativas e inovadoras.
Clubes abandonados precisam ser vistos como potenciais lugares de esporte, cultura e lazer, de maneira a abrir cotas da Prefeitura para uso da população e também patrocínios para teatro, oficinas, esportes, aulas das mais diversas e meios visuais e com exposições que mostrem os resultados dessas oficinas e obras com prêmios e edições.
Enfim, tem sim muito mais coisas a fazer do que já se faz e será feito! Vamos acompanhar e desejar sucesso ao novo prefeito e secretários. Que se abra a agenda!
Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista, conselheiro do COMPAC e Prêmio IAB 2019 com o projeto da Fábrica Japy (edupereiradesign@gmail.com)