“Só mensura a gravidade da dor QUEM A SENTE”. Pois é, só sabe o tamanho da dor quem sofre ou
sofreu humilhações, agressões físicas, verbais ou perseguição – sejam constantes ou pontuais. Você, caro leitor(a), consegue imaginar o que se passa na mente de uma criança ou adolescente, quando ao ir para a escola, sente que o lugar no qual deveria ser a sua “segunda casa”, se tornou um ambiente hostil e traumatizante? Qual seria a sensação de sentir que o bairro onde mora não é tão amigável quanto ela pensou que fosse? Se você teve um sentimento de desamparo, insegurança, medo e desespero, você sentiu exatamente o que uma vítima de Bullying sente.
O Bullying é a terrível prática de intimidação, agressão física e/ou verbal, humilhação e hostilidade. Em termos mais práticos, comete bullying quem bate, zomba, tripudia, ridiculariza e apelida de forma depreciativa. Quem o faz, procura estar sempre no poder, independente de sexo, idade ou posição social. Existe Bullying até mesmo dentro de algumas famílias! Em geral, as vítimas das agressões são consideradas pelos seus opressores, como “fora dos padrões”, seja por excesso de peso, magreza, estatura, cor, raça, posição social, opção sexual, religião, personalidade e até mesmo pessoas com dificuldades de aprendizagem ou estudiosas demais.
Os traumas do Bullying são devastadores, e até irreversíveis dependendo da gravidade, obrigando a vítima a se submeter a tratamentos e terapias até a idade adulta, pois o Bullying sofrido durante a infância e adolescência interfere em sua vida nos âmbitos social, profissional e familiar. O Bullying afeta o psicológico de tal forma que suas vítimas, em geral, apresentam queda no rendimento escolar, baixa autoestima, depressão, transtorno de ansiedade, síndrome do pânico e até sedentarismo. Muitas vezes, quem sofre o Bullying calado, guarda o problema para si e, sem solução, opta pelo suicídio. Assim, é muito importante que tanto os pais quanto os professores observem algum comportamento incomum por parte da criança ou adolescente.
De acordo com a OCDE ( Organização para Cooperação e Desenvolvimento ), o Brasil é um dos piores países em termos de Bullying escolar no mundo. De acordo com dados de 2018, o Bullying escolar no Brasil é duas vezes maior que a média de outros países, segundo a OCDE. Embora não haja uma lei específica para o Bullying, ele se enquadra em infrações previstas no Código Penal, como injúria, difamação e lesão corporal. Além disso, no dia 6 de Novembro de 2015, a então presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 13.185, que instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática. Esta lei, composta por 8 artigos, torna a luta contra o Bullying escolar uma política pública de educação e implementa uma série de ações que visam erradicar o bullying através de campanhas publicitárias, capacitação dos profissionais da educação para lidarem com os casos de Bullying e o diálogo entre a escola e a família.
Enfim, posso dizer que, quando se fala em Bullying, é importante ressaltar que, além da vítima, é
importante entender o porquê das ações do agressor que, muitas vezes, são jovens que passam por
problemas psicológicos ou sofrem agressões no ambiente social ou familiar e tenta transferir os seus
traumas através da agressividade. Por isso, é importante que a família e a escola estejam atentos aos sinais e os percebam rapidamente, pois, quanto mais rápido o problema é detectado, mais rápida será a ajuda tanto para quem sofre a agressão quanto para quem agride.
É importante que esse assunto seja muito trabalhado e muito repetido nas escolas, igrejas, condomínios, vizinhança, meios de comunicação e mídias sociais. Pode parecer que o Bullying não é algo tão sério, que é “só uma briguinha entre crianças”, mas não é. O Bullying é algo realmente sério e é responsabilidade de todos nós contribuirmos para erradicarmos essa prática tão terrível e que já ceifou a vida de tantas crianças e jovens pelo mundo.
Lembre-se: “Só mensura a gravidade da dor QUEM A SENTE”.
Micéia Lima Izidoro é professora (miceialimaizidoro@gmail.com)