Uma das melhores cidades do Brasil, nossa querida Jundiaí decide neste domingo quem vai governar o município para os próximos 4 anos. Entendendo-se que o voto, no mais das vezes, não é a aposta numa ideia e sim um ato de fé, é compreensível que os candidatos pretendam, em suas conversas, atingir mais o coração do que o cérebro de seus eleitores. Todavia, a história tem revelado que muitos candidatos têm o péssimo vício de se arvorarem no monopólio da virtude. E em nome dessas pretensas qualidades, se julgarem acima do bem e do mal. Praticam na verdade, sem o menor constrangimento, todos os pecados, que antes atribuem aos seus adversários. Não há remorsos nem problemas de consciência. Os direitos sociais, complexas áreas de atuação, ficam à mercê de uma simples “penada”, e tudo fica resolvido. Simplesmente ignoram que tais direitos dependem de políticas públicas complexas, que têm custos e que os recursos são escassos, porém não dão resposta adequada a esse importante desafio. Nem se consegue saber de onde virão tais recursos. Mas não deixa de continuar a emitir suas arengas, vender suas fantasias, como se o povo continuasse estacionado no tempo, sem ter aprendido a pensar. E o pior, se não bastasse tudo isso, haja deslealdade. Carregam sobre os ombros o fardo insuportável de conceitos arcaicos, ressentimentos envelhecidos e ódios estéreis. Vaiam a diversidade. Assaltam a controvérsia. Faz oposição à própria sombra. Atacam e denigrem os adversários, mesmo os íntegros e bem intencionados, através da pobre genialidade dos rotuladores de plantão. Não toleram a verdade alheia, como gostariam que as suas fossem toleradas. Da eleição de um papa a uma melhor escola de samba, os entendidos são pródigos em análises e previsões. Os formadores e informadores de opinião torcem por seus candidatos como se a eleição deles representasse um ciclo de ouro para a cidade. Homens públicos, como sabemos, possuem um discurso mais mítico do que racional. Certas palavras possuem um conteúdo semanticamente forte, tais como democrático, social, progressista, trabalhista, liberal, renovador, sustentável, nacional, maioria, etc. É raro que um político não inclua algumas destas palavras em sua oratória. Mais ainda, alegam todos os motivos imediatos para realização de qualquer projeto, sem levar em consideração outras propostas técnicas, e depois não justificam o dispêndio necessário à sua posterior reconstrução. Mas pensemos. Bem sabemos que o Estado não pode dar a ninguém algo que antes não tenha tirado de alguém – não existe transporte, educação, saúde, habitação ou segurança gratuita. Alguém paga por estes serviços, seja usuário, individualmente, por meio de tarifas ou mensalidades, seja a comunidade como um todo, por intermédio de impostos.
Senhores eleitores, a construção de uma cidade mais próspera, sustentável e inclusiva, passa por políticas públicas e por seus representantes eleitos, que defendam esta ideia. É hora, portanto, do eleitor redobrar a atenção, exercer sua cidadania, analisar a qualidade dos candidatos, conhecer seus passados e a seriedade com que aspiram um cargo público. “Reforçamos nosso olho crítico em relação aos candidatos, para votarmos em quem realmente vale a pena.” QUE TENHA SORTE JUNDIAI.
Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)