Analfabetismo funcional e mediocridade. O Brasil possui 16 milhões de analfabetos, e aproximadamente 38 milhões de alfabetizados funcionais, ou seja, indivíduos acima dos vinte anos que não completaram quatro anos de ensino formal (IBGE). É o resultado de décadas de um modelo educacional falido com excesso de teorias pedagógicas progressistas diz o filósofo Luiz Felipe Pondé. Denis Lerrer Rosenfield, também filósofo e professor universitário no RS confirma que as pedagogias modernas, como as influenciadas por Paulo Freire, fracassaram ao criar um ambiente educacional ineficiente e com baixos padrões de qualidade.
Outro crítico feroz do sistema educacional brasileiro é o filósofo e ensaísta conservador, Olavo de Carvalho. Ele defende que o sistema educacional está corrompido por uma agenda marxista que visa doutrinar os alunos ao invés de formar cidadãos críticos. Olavo propõe uma mudança radical, focando em uma educação voltada para o desenvolvimento do pensamento lógico, da formação clássica e da valorização de valores tradicionais. Rosenfield advoga a necessidade de uma reforma drástica no sistema educacional, com o retorno aos fundamentos clássicos do ensino, maior ênfase em conteúdo e disciplina, e menos espaço para debates ideológicos. Pondé propõe uma transformação radical na forma como as escolas são organizadas e os conteúdos são ensinados, os quais deveriam estar baseados na meritocracia e no enriquecimento cultural.
Para esses autores, o sistema atual não só falha na formação intelectual dos alunos, como também perpetua desigualdades por não preparar os estudantes para os desafios reais do mercado de trabalho e da cidadania.
Violência generalizada contra professores. Dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania mostram que as denúncias de violência nas escolas subiram 50% em relação ao ano de 2022, com mais de 1.200 casos envolvendo agressões contra professores entre janeiro e setembro de 2023. Violência emocional, ameaças, bullying, injúria e tortura psíquica, além de agressões físicas e injúrias raciais foram as principais queixas.
Pesquisa realizada pela ONG Nova Escola revelou que oito em cada dez professores relataram ter sofrido algum tipo de violência em 2023, sendo a forma mais comum a violência verbal (76% dos casos). O aumento reflete uma tendência de crescente tensão nas escolas brasileiras, especialmente após o retorno às aulas presenciais, o que tem afetado gravemente a saúde mental e o desempenho dos educadores.
A agressividade contra professores no Brasil demonstra uma crise educacional mais ampla, que envolve a desvalorização do professor, a baixa qualidade do ensino, fatores socioeconômicos externos, bem como a falta de disciplina e autoridade na sala de aula. Resolver esse problema exige uma abordagem multifacetada, que inclua melhorias na formação de professores, investimentos em saúde mental, reforço à disciplina escolar, e políticas públicas focadas no desenvolvimento de uma educação mais equitativa e eficaz.
Promover um ambiente de respeito e aprendizado exige não só reformas no currículo e nos métodos de ensino, mas também um esforço conjunto da sociedade para valorizar o papel do professor e criar uma cultura de paz dentro das escolas.
Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora
(rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)