No mundo moderno, estamos cada vez mais distantes da natureza e de nós mesmos. Passamos a maior parte do tempo calçados, dentro de prédios e cercados por tecnologia. Essa desconexão com o ambiente natural tem impactos profundos sobre a saúde física e mental. Uma prática simples, mas poderosa, que busca restaurar essa conexão é o grounding, também conhecido como earthing, que significa aterrar, enraizar.

O grounding consiste no contato direto do corpo com a Terra, seja andando descalço na grama, areia, terra ou mesmo na água do mar ou de rios. A teoria por trás dessa prática sugere que a Terra possui uma carga negativa devido à abundância de elétrons livres, que podem ser transferidos para o corpo humano durante esse contato direto. Esses elétrons atuariam como antioxidantes naturais, neutralizando radicais livres e promovendo uma série de benefícios à saúde.

Estudos recentes mostraram que o grounding pode influenciar diretamente os sistemas biológicos do nosso corpo, contribuindo para a melhora da saúde de diversas maneiras. Entre os efeitos comprovados, destacam-se a redução da inflamação, melhora do sono, aumento de energia e redução dos níveis de estresse.

A inflamação, que é uma resposta natural do corpo, mas quando se torna crônica, pode estar associada a uma série de doenças, como diabetes, doenças cardiovasculares e até mesmo alguns tipos de câncer. O grounding age como um poderoso anti-inflamatório natural, ajudando a regular essa resposta corporal de forma mais eficiente.

Além disso, o contato direto com a Terra pode ter um impacto positivo no sistema nervoso autônomo, responsável pela regulação de funções automáticas do corpo, como respiração, batimentos cardíacos e digestão. O grounding ajuda a equilibrar o sistema nervoso, reduzindo a produção de cortisol, o hormônio do estresse, e promovendo uma sensação de calma e relaxamento.

É certo que um dos maiores desafios da nossa vida moderna é o aumento dos níveis de estresse e ansiedade. A pressão do trabalho, as responsabilidades diárias e a constante exposição a estímulos eletrônicos, como celulares e computadores, podem sobrecarregar o sistema nervoso e desequilibrar o corpo.O grounding se apresenta como uma solução simples e acessível para amenizar esses sintomas. Ao proporcionar um momento de pausa e contato direto com a natureza, ele ajuda a reduzir a ansiedade, promovendo um estado de relaxamento mental. Essa conexão com a Terra permite que o corpo entre em um estado de repouso mais profundo, melhorando, inclusive, a qualidade do sono.

Dormir melhor é um dos principais benefícios relatados por quem pratica o grounding regularmente. A explicação científica para isso reside na capacidade dessa técnica de regular os ritmos circadianos do corpo, o que resulta em noites mais restauradoras e uma sensação de bem-estar ao acordar.

Para todos aqueles que buscam mais energia no dia a dia, o grounding também pode ser uma prática transformadora. Quando o corpo está equilibrado e livre de inflamações crônicas, os níveis de energia aumentam naturalmente. Esse efeito é especialmente importante para quem pratica atividades físicas intensas, pois o grounding acelera o processo de recuperação muscular e diminui dores articulares e musculares.

Estudos sugerem que o grounding também melhora a circulação sanguínea, promovendo uma maior oxigenação dos tecidos e acelerando a regeneração celular. Atletas, por exemplo, podem se beneficiar enormemente dessa prática ao incorporá-la em suas rotinas de recuperação.

A boa notícia é que praticar grounding é muito simples. Tudo o que é necessário é estar em contato direto com a natureza. Caminhar descalço no jardim, na areia da praia ou mesmo sentar-se no chão ao ar livre já são maneiras de se reconectar com a Terra.

A prática ao ar livre traz, além dos efeitos físicos, um benefício adicional: a oportunidade de se desconectar da rotina e reconectar-se com a natureza, o que é fundamental para a saúde mental. Respirar ar puro, sentir a luz do sol na pele e estar em um ambiente natural proporcionam uma experiência de bem-estar que vai além da simples transferência de elétrons.

O grounding nos lembra de algo fundamental que a vida moderna frequentemente nos faz esquecer: somos parte da natureza. Nossa saúde física e mental depende dessa conexão. Ao fazer do grounding uma prática regular, estamos restaurando o equilíbrio do corpo, promovendo a cura e reduzindo os efeitos nocivos do estresse e da inflamação.

Seja para melhorar a saúde mental, dormir melhor ou acelerar a recuperação física, o grounding se apresenta como uma ferramenta poderosa e acessível para todos nós. Em um mundo tão acelerado e desconectado, um simples ato como caminhar descalço na grama pode ser o remédio que muitos de nós estávamos procurando, portanto, da próxima vez que sentir o peso da rotina, tire os sapatos, coloque os pés na terra e reconecte-se. Seu corpo e mente agradecem. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)