OPINIÃO

O jogo midiático da comunicação de corte


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O jogo rápido para capturar a atenção do espectador trouxe uma nova modalidade de comunicação nas mídias sociais, a chamada de “comunicação de corte”, que está atordoando jornalistas, propiciando a formação exponencial de verdadeiras torcidas organizadas e engajadas. Com retórica direta, cortes rápidos para impactar o público, seus conteúdos são frequentemente dinâmicos, com mudanças instantâneas de cena e ênfase em ideias-chave, misturando motivação pessoal e estratégias de negócios.

O Mundo VUCA (sigla em inglês para Volatility, Uncertainty, Complexity, Ambiguity), no qual nos encontramos, estamos expostos a volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. A comunicação de cortes surge como ferramenta estratégica poderosa, com capacidade de entregar mensagens impactantes, em pouco tempo. Ajuda a navegar no caos e manter a relevância, capturando a atenção e movendo o público em direção à ação, fundamental num ambiente acelerado e imprevisível.

A evolução da edição de vídeos curtos para as mídias digitais, inspiradas principalmente por plataformas como YouTube, Instagram e TikTok, que disputam a audiência do espectador, propiciaram o surgimento da comunicação de corte. Em meio à enxurrada de informações e estímulos visuais de forma fragmentada, veloz e apressada, as campanhas em redes sociais precisaram ser ajustadas para atender às novas tendências. É uma técnica moderna que se ajusta às necessidades de consumo rápido de conteúdo. O fenômeno também reflete as mudanças no comportamento de consumo de mídia e uma abordagem poderosa para as estratégias de marketing e comunicação empresarial.

A comunicação de corte é uma resposta direta às demandas da economia da atenção, oferecendo uma maneira rápida, simples e impactante de captar o foco do público em um ambiente em que as distrações são inúmeras. Ao entender como otimizar a comunicação para ser breve e poderosa, marcas e profissionais têm se destacado num mundo competitivo e saturado, maximizando suas chances de engajar, converter e reter seu público em um curto espaço de tempo.

As transformações no comportamento de consumo e da mídia refletem o imediatismo e a transição rumo ao digital. A personalização é característica crescente, com consumidores exigindo acesso rápido a produtos e serviços. As compras online e o e-commerce se consolidaram, enquanto marcas sustentáveis ganharam relevância. Há uma busca crescente por experiências sob medida. 

Na mídia, também houve um deslocamento para o consumo de conteúdo digital, agora fragmentado, com foco em plataformas de streaming, redes sociais e conteúdos curtos. O público busca informação em formato apressado, interativo e on-demand, favorecendo o uso de dispositivos móveis. Os algoritmos customizam ofertas de conteúdo, refletindo a urgência de captar a atenção instantaneamente em um cenário saturado de informações. 

O jogo midiático que dá ênfase em despertar gatilhos e criar estímulos multissensoriais constantes, incentivam o espectador a continuar consumindo conteúdos, sem pensar, levando ao perigo da superficialidade e da verdade relativa dos "micro-momentos". A vida é feita de retalhos, dizia o poeta, esquartejar cada experiência dela pode levar a um grande vazio ou num comportamento de manada.

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora
(rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)

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