Divulgado o ranking das cidades mais competitivas do Brasil, nossa Jundiaí está em 15º lugar. Cerca de 65 itens foram analisados, para avaliar a posição de cada município brasileiro em termos de potencialidade para negócios, qualidade de vida, serviços públicos disponíveis, condições ambientais e diversos outros fatores.
Foram 404 as cidades brasileiras que passaram pela aferição, pois só entraram na lista aquelas com população superior a 80 mil habitantes. Nossa cidade fez bonito, pois na sua frente estão apenas Florianópolis, a capital de Santa Catarina, pela segunda vez a vencedora. A segunda classificada foi a capital paulista, São Paulo. Em terceiro, Vitória, no Espírito Santo e Porto Alegre, capital gaúcha.
Em quinto lugar, Barueri, cujo dinamismo está a lembrar o Vale do Silício nos Estados Unidos e em sexto São Caetano do Sul. Pequena dimensão, não pode crescer nos bolsões de miséria dos municípios que ainda têm território.
O sétimo lugar está com Curitiba, a capital paranaense. Em oitavo, Campinas, aquela mesma povoação que se chamou Campinas de Nossa Senhora da Conceição do Mato Grosso de Jundiaí, nossa filha que sobrepujou a mãe. Verdadeira capital intelectual, com a Unicamp, uma das Universidades mais prestigiadas do mundo e a PUC-Campinas, a tradicional escola confessional que, logo após à USP, fez com que profissionais de elevado nível se espalhassem por todo o Brasil e mesmo fora dele.
Maringá, São Sebastião, Santos, Jaraguá do Sul, Belo Horizonte, Balneário Camboriú e, em 15º posto, Jundiaí.
Pode melhorar? Claro que pode. Para isso, é necessário levar a sério a mais grave ameaça que já recaiu sobre a humanidade: as emergências climáticas. O mundo inteiro está se preparando para os acontecimentos que virão, inapelavelmente, só não se sabe quando.
Aquilo que aconteceu em São Sebastião no início do ano passado e o que ocorreu em maio em Porto Alegre pode se repetir em qualquer lugar. Para isso as cidades precisam estar preparadas.
Como é que elas fazem?
Repondo a arborização destruída, pois nossa história é o relato da devastação da luxuriante cobertura vegetal que levou milênios para cobrir este vasto território que só começou a ser depredado a partir de 1500.
A falta de cultura da população faz com que ainda exista resistência à árvore, a melhor ferramenta para assegurar clima de qualidade e para garantir água. A escassez hídrica em curso vai ser uma calamidade. Não se vive sem água. Pode-se viver bem sem petróleo. Mas sem água? Quem consegue viver?
Ao lado do plantio de milhões de árvores – sim, milhões! – é preciso adaptar todos os equipamentos públicos para servirem de refúgio térmico para a população. As ondas de calor matam mais do que as de frio. A internação de diabéticos, hipertensos, portadores de anomalias cardiovasculares, idosos, obesos, crianças e vítimas de outras comorbidades são os mais prejudicados.
Escolas, clubes, templos, quaisquer espaços utilizáveis precisam merecer um tratamento térmico para poder acolher os mais frágeis nesses momentos. E ter coragem de remover as moradias que se encontram em declives sujeitos a desmoronamento, além de devolver os córregos que foram sepultados para servir a sua majestade o automóvel.
Cidade que fizer isso, não importa qual seja o ranking, salvará vidas. Isso é mais importante do que entrar na competitividade, característica de uma era em que a superficialidade importa mais do que a verdade.
José Renato Nalini é reitor, docente de pós-graduação e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo (jose-nalini@uol.com.br)