Há uma semana que os mercados financeiros e de capitais, em todo o mundo, vêm enfrentando uma turbulência de grandes proporções. Temos, ainda, um efeito dominó que pode afetar economias ao redor do mundo.
Nos EUA, a instabilidade e uma debilidade no mercado de trabalho, conjugadas com uma inflação resistente à uma política monetária austera, por parte do Federal Reserve (Banco Central Americano), com juros básicos de 5,25% a 5,5% ao ano, refletiram para os “mercados” o prenúncio de um início de recessão econômica.
O pior, veio logo após essa perspectiva, é que o Presidente do FED - (Banco Central) divulgou que, possivelmente, na próxima reunião, em setembro próximo, o Banco Central (COPOM - Comitê de Política Monetária) deverá baixar os juros, o que afetará, mais uma vez, o “mercado global”, principalmente nas economias dos países emergentes. As bolsas americanas despencaram.
Ao mesmo tempo da notícia americana, também no Japão, o seu Banco Central, o BOJ, elevou, pela primeira vez em oito anos, os juros para um patamar positivo de 0,25% ao ano. Isso com uma inflação, em maio passado, anualizada, de 2,8% ao ano. Uma grande anomalia para um país que experimentava, quase que sistematicamente, deflações e juros negativos. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, chegou a cair 12% naquele dia, recuperando em seguida, mas fechando em baixa de quase 1%.
Na Europa, também, as Bolsas de Valores caíram, diante dessas perspectivas e do relativo baixo desempenho de suas economias. Os juros na União Europeia se situam em torno de 3,75% ao ano para uma inflação em torno de 2,4% ao ano.
A Europa sente a falta de trabalhadores, mas, paradoxalmente, existem manifestações xenófobas, em diversos países, contra os imigrantes.
No Brasil, o Banco Central manifestou preocupação com o avanço, em julho passado, dos preços de cerca de 60 produtos no atacado, que subiram próximos de 5,5%. A inflação anual aqui já se projeta maior que 4% ao ano. Sinalizou, inclusive, o Banco Central que, diante dessa realidade, não obstante o relativo fraco desempenho da atividade econômica, o COPOM – Comitê de Política Monetária, em sua próxima reunião, em setembro, poderá, se não melhorar esse cenário, aumentar os Juros Básicos – a SELIC, que está em 10,5% ao ano. Se ocorrer, será uma medida monetária correta para conter a inflação, porém péssima para o País, pois inibirá ainda mais os níveis de investimentos em nossa economia, que se situam em cerca de apenas 16% do PIB – Produto Interno Bruto, muito aquém do necessário, para modernizar o Parque Produtivo Nacional; melhorar o nível de produtividade do “fator trabalho” e corroborar para o crescimento de nossa economia.
Tudo isso, além de aumentar o ônus com juros sobre a nossa dívida interna de 78% do PIB – Produto Interno Bruto, ou seja, R$ 8,7 trilhões.
Messias Mercadante de Castro é professor de economia, membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas (messiasmercadante@terra.com.br)