Celular na mão, caminhando distraidamente. Foco nas imagens da telinha, “viajando” pelo mundo que é só seu, distante da realidade que o cerca. Essa cena é cada dia mais comum, e, quais são as consequências da alienação que parece tomar conta da maioria da população? O site “dadosmundiais.com” traz pesquisa sobre a questão do Quociente de Inteligência (QI). O Brasil ocupa o 68º lugar em comparação a 122 países. O QI do brasileiro é de 83 pontos, os habitantes de Hong Kong alcançam o maior quociente de inteligência do mundo com 106 pontos e o mais baixo, com apenas 51 pontos, é ocupado pelo Nepal.
O Brasil está mais próximo do QI fraco, na escala Terman que classifica os níveis de inteligência com base no resultado de testes. Não há pesquisas diretas sobre o assunto, no país, mas a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, averiguou o desempenho dos alunos do ensino fundamental e observou que tiveram pior desempenho em 2023 que em 2021. A média caiu 10 pontos em português e 2 em matemática do 6º ao 9º ano. O nível de conhecimento em matemática no ensino médio em 2021 de 97% dos alunos do 3º ano era equivalente ao da 7ª série do ensino fundamental, o que representa uma defasagem de seis anos no aprendizado. Em português, quatro em cada dez alunos possuem conhecimento abaixo do básico.
A queda da inteligência é um fenômeno mundial. Para o pesquisador e antropólogo inglês Edward Dutton, o emburrecimento já é um fenômeno real. Caso a tendência se mantenha a população de diversos países terá QI abaixo de 80 pontos na próxima geração de adultos, o que representa um nível abaixo da média.
"A estupidez é o verdadeiro inimigo da humanidade." A máxima atribuída ao médico Dr. Alessandro Loiola encontra eco em várias reflexões e estudos de autores nacionais e internacionais que discutem a inteligência e as capacidades cognitivas das populações. A estupidez pode ser vista sob diversas perspectivas, mas uma interpretação interessante é a de que ela é essencialmente um desconhecimento ou uma falha na consideração. A consideração envolve a capacidade de refletir sobre as consequências das próprias ações, entender os sentimentos e as necessidades dos outros e agir com empatia e respeito.
Parece que as soluções rápidas e fáceis trazidas pela tecnologia, encontradas nas páginas da internet, ao simples toque de botões, está transformando uma geração inteira dependente dela, pior ainda, com uma fé cega, sem curiosidade para o aprendizado, pensamento crítico, posicionamento, ou questionamentos mais profundos. Conformados, anestesiados, sem vontade de levantar os olhos para descobrir algumas das infinitas possibilidades de novos caminhos reais fora da telinha.
Pensar dá trabalho. É colocar o cérebro para funcionar. A busca por melhorias, seja de caráter pessoal, profissional, social, econômico passam pela vontade de mudar, pela inovação e ação. Para acompanhar um mundo instável, mutável, complexo e ambíguo precisamos desenvolver capacidades que cultivem e incentivem a reflexão sobre as consequências das próprias ações. A inteligência emocional pode ser uma opção para reduzir comportamentos estúpidos.
Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora
(rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)