Às vezes a saudade acorda a minha mocidade. Trafeguei pelas minhas lembranças e desembarquei num conto, que muito me marcou. Diz a narrativa que um jovem filho, em seus verdes anos, na busca do sucesso na vida, procurou por seu velho pai. Tinha uma solitária dúvida quanto ao ensinamento que buscava. Poderia seu pai, já com os cabelos brancos e um pouco curvado pelos anos, nestes tempos modernos, lhe mostrar o caminho do seu sonho dourado. Desejava ser feliz. O pai, com realce de algumas rugas em seu rosto sereno, não tardou a lhe entregar uma pedra dura, que guardava escondida, num relicário. Disse ao filho que fosse ao mercado e a oferecesse para as pessoas. Se alguém perguntasse o preço, apenas erguesse dois dedos.
Não tardou uma mulher se entusiasmar pelo objeto: “esta pedra ficaria bonita em meu jardim, quanto quer por ela?” Ao ver os dois dedos levantados logo afirmou que pagaria 20 reais. O jovem retornou para casa e contente relatou o caso. O pai, então, mandou que fosse a outro lugar, ao Museu local. Lá, o gestor do museu, ao examiná-la, não teve dúvidas quanto ao valor da pedra. Uma pedra rara, a ser lapidada. Brilhante. Ao perguntar o preço ao rapaz, este não titubeou aos dois dedos levantados: pago 20 mil reais. Mais uma vez o fascinado jovem voltou para com seu pai, seduzido pela oferta. Não obstante, uma nova direção lhe foi indicada pelo velho pai. Uma joalheria. O joalheiro ao perceber a preciosidade da pedra que o jovem carregava nas mãos foi logo perguntando o quanto valia. Pela indicação dos dois dedos, ofereceu 200 mil reais. O contentamento extravasou a juvenil alma ansiosa.
Relatou ao seu velho, da sua enorme alegria, em como conseguiu valorizar a pedra que lhe fora entregue. Foi aí, que lançando a sua mão carinhosa sobre aqueles joviais ombros, com o olhar da certeza de sua intenção, o vivido senhor pai, amorosamente abraçou o filho e professou: Todos nós carregamos uma pedra dentro da alma. Se você se oferecer, no mercado, encontrará pessoas que jamais reconhecerão o seu valor. Prendem-se a mediocridade e o egoísmo. Não passarás de um enfeite de jardim. Mas se se oferecer a pessoas que saibam valorizar as virtudes da pedra que carrega consigo, então encontrarás o caminho que tanto deseja. A joalheria de sua existência. Não se afia nas aparências e nem se deixe fascinar pelas medíocres aparências. Examine o coração das pessoas.
Procure se cercar de pessoas positivas e entusiasmadas. Pessoas que te valorizam. Aprenda com elas o otimismo de se viver. Contagia-se com esperança por dias melhores. Seja sempre um referencial para outros, que talvez possam se espelhar em você. Que a pedra dentro de si seja lapidada por mãos de fé e que reflitam, por mais que sejam tristes os tempos, o mais brilhante dos diamantes. Sejam felizes!!!
Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)
escolha sua cidade
Jundiaí
escolha outra cidade