A medicina tradicional chinesa tem para si vários recursos para tratar os mais variados sintomas, cuidar das pessoas que estão passando pelos processos de doenças.

Tão vasto quanto a nossa já conhecida acupuntura está a fitoterapia, que se trata de uma forma de tratamento baseada em preparações combinando diferentes partes de plantas e minerais em fórmulas específicas, para produzirem variados efeitos no organismo, seja porque a ingerimos, seja porque a utilizamos topicamente.

A fitoterapia chinesa, na sua forma mais tradicional, não fazia parte do currículo do especialista em acupuntura quando eu me formei e tive que procurar algumas formações específicas para começar a traduzir o conhecimento que eu já tinha sobre campos energéticos e suas manipulações para o “alfabeto” das ervas e suas fórmulas

Na época, eu tinha o receio de que os meus clientes pouco aceitariam e mesmo teriam algum preconceito em fazer uso de fórmulas cujos nomes são quase impronunciáveis para um nativo brasileiro, visto que a nomenclatura internacional desta modalidade de terapia ainda preserva o mandarim como sua língua oficial.

Eu não poderia estar mais enganado. A aceitação é enorme e a eficácia nos processos do tratamento me surpreende até hoje.

Acredito que isso se deva à tradição que todos os povos têm em utilizar preparações com combinações de ervas para o tratamento das mais variadas condições de doença ou mesmo para suplementar a saúde. Entre nós, o povo brasileiro, que somos herdeiros das mais variadas culturas e nos tornamos uma síntese de todas elas, essa prática é muito popular e muito bem aceita.

Tenho certeza de que você, meu caro leitor, já identificou ao que me refiro: desde o “xarope” de mel com o guaco que as nossas avós faziam, passando pelas “garrafadas” que são muito presentes na cultura do Norte e Nordeste do nosso país e até mesmo o banho com ervas, vindos de culturas afro-diaspóricas e a indígena, com caráter espiritual e curativo!

Quem já experimentou sabe dos efeitos benéficos para o corpo e para a alma. Eu costumo explicar para meus clientes que as ervas, quando combinadas são como as diferentes palavras que combinadas em um único texto, podem contar diferentes histórias. Assim mesmo essas preparações formam, com as diferentes substâncias que compõem as plantas e com a energia que elas possuem, uma série de instruções de como nosso corpo deve ser comportar para obter a saúde.

Seja porque se está com tosse, resfriado ou mesmo com os calores da menopausa, existe uma combinação de ervas que ajusta a nossa circulação, hormônios e diferentes secreções para que rapidamente possamos nos ajustar a essas condições e com isso, restabelecer o equilíbrio que reconhecemos como a condição natural de saúde.

Quase a totalidade das medicações industrializadas que temos e fazemos uso hoje como medicações e suplementações, vieram derivadas do conhecimento tradicional destas preparações, estudadas e vistas pelo crivo do processo científico, ajudando a potencializar sua ação, bem como vaticinando o seu uso e utilidade.

Sugiro, então, que o leitor que não conhece, volte sua atenção para esse conhecimento e suas possibilidades, que são tão vastas quanto a variedade de plantas que temos a nossa disposição, seja em florestas ou no jardim do nosso quintal.
 
Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)