
De acordo com um levantamento feito pela plataforma Agente Imóvel, o metro quadrado em Jundiaí para venda custa em média R$ 6.354 para apartamentos e R$ 4.206 para casas. Há variações de acordo com a localização e tamanho do imóvel e, na média, o valor de um imóvel na cidade é de R$ 749.586 e o valor do aluguel é R$ 3.861.
Houve neste ano o anúncio de construção de 500 unidades habitacionais de interesse social em Jundiaí, pelo Governo Federal, com o Minha Casa, Minha Vida, e pelo Governo Estadual, com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). No entanto, a entrega dessas unidades não chegará a fazer diferença no mercado imobiliário da cidade, que tem grande demanda e pouca oferta atualmente. O déficit habitacional é alto e, para se ter ideia, só famílias que recebem auxílio aluguel na cidade, após perderem a casa em desastre natural, por exemplo, são cerca de 220.
Vice-Presidente de Comercialização e Inteligência de Mercado Imobiliário da Associação de Empresas e Profissionais do Setor Imobiliário de Jundiaí e Região (Proempi), Eli Gonçalves avalia que, na cidade, mesmo com o anúncio de unidades de interesse social, a demanda sobre aluguel tende a se manter alta. “As unidades de interesse social que serão entregues este ano são um passo importante, mas a iniciativa privada ainda precisa de incentivos públicos e de alterações em legislação para ‘fechar a conta’. Ainda estamos longe de reduzir a pressão sobre o aluguel.”
Um dos caminhos do mercado em Jundiaí é o avanço sobre áreas rurais, com loteamentos, geralmente de médio e alto padrões. Sobre isso, Eli aponta que o valor da terra na cidade vem subindo. “Os loteamentos estão em áreas urbanas e, cada vez mais, são necessárias grandes áreas rurais para o agro manter-se competitivo em nível nacional e mesmo internacional. O valor da terra na cidade vem subindo em decorrência de fatores de mercado, como alta demanda e pouca oferta de áreas rentáveis para empreender. Jundiaí deverá manter uma curva de aumento de preços a longo prazo”, explica.
Apesar
Presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana Neto diz que o preço parece não ser problema na cidade. “Tivemos um saldo extremamente positivo no primeiro semestre. Subtraindo os dois meses negativos, a Região de Jundiaí na pesquisa do Creci, que abrange as cidades de Atibaia, Bom Jesus Dos Perdões, Bragança Paulista, Cabreúva, Campo Limpo Paulista, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Nazaré Paulista, Piracaia e Várzea Paulista, teve acumulado positivo de 172%.”
“A meu ver, vamos continuar crescendo, porque alguns fatores indicam isso. Não existe espaço para a taxa de juros aumentar até o fim do ano e tivemos crescimento mesmo com a taxa alta. Também temos o trabalho de carteira assinada, que continua crescendo, e são pessoas que podem comprovar renda. Outro fator é a possibilidade da liberação da 4ª faixa para o Minha Casa, Minha Vida, que são famílias com renda mensal de até R$ 12 mil. O programa tem taxa de juros abaixo dos praticados no mercado”, lembra.
Por conta disso, José Augusto enxerga espaço para crescimento na região de Jundiaí e também acha que os novos empreendimentos de interesse social não serão suficientes para suprir o déficit por moradia. “Os que serão contemplados pelas moradias de interesse social são da primeira faixa do Minha Casa, Minha Vida, são pessoas que não participam desse mercado de locações formal.”
De acordo com definição do Minha Casa, Minha Vida, há três faixas para o programa em área urbana, o primeiro para quem tem renda bruta familiar de R$ 2,64 mil por mês, a segunda para renda familiar de R$ 2,64 mil a R$ 4,4 mil por mês. já a terceira faixa abrange famílias com renda bruta mensal de R$ 4,4 mil a R$ 8 mil.
Problema
José Augusto diz que o cenário tende a piorar em cidades como Jundiaí, pois o crescimento gera uma demanda habitacional que não pode ser absorvida. “Existe hoje a falta de imóveis, isso que faz com que o aluguel fique caro. Geralmente, quem oferece locação hoje são pessoas idosas, que adquiriram imóveis maiores e têm renda extra com locação. Não existem empresas que invistam em imóvel para locação residencial porque não compensa.”
E alerta que o problema é mundial. “A locação residencial continua sendo problema grave e o governo não se debruçou para resolver. Outras cidades do mundo, como em Barcelona, Paris, Lisboa, as pessoas não têm onde morar. Alugam casas em outras cidades e percorrem grandes distâncias diariamente para trabalhar. Cidades do Brasil caminham para esse rumo”, analisa.