OPINIÃO

Saindo da bolha da dicotomia


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"O que eu não quero para mim, não faço para o outro". O público 50, 60+ conhece muito bem essa máxima ensinada pelas avós, quando éramos adolescentes e tínhamos alguma dúvida sobre como agir. Tem raízes profundas na filosofia antiga e moderna. Diz respeito a conduta ética e faz parte do escopo de um dos principais skills (habilidades) da comunicação, a empatia, pois permite uma interação mais eficaz, respeitosa e compreensiva.

Colocar-se no lugar do outro, tentando imaginar como você se sentiria e reagiria na mesma circunstância, faz parte do que chamamos de empatia. Além da observação e da prática da “escutatória”, é preciso estar totalmente presente na interação, ouvindo ativamente e sem distrações. É tentar compreender os sentimentos e perspectivas do ponto de vista do outro, imaginando como é estar em sua situação. Perceber sinais emocionais através da linguagem corporal, expressões faciais e tom de voz. E finalmente, responder apropriadamente, demonstrando compreensão e apoio, oferecendo argumentos que considerem os sentimentos e necessidades dos outros.

A máxima ética "o que eu não quero para mim, não faço para o outro" representa um ideal de comportamento humano baseado na empatia, na justiça e no respeito mútuo.  Fomenta relações baseadas na confiança e na cooperação, estimula ambientes onde os conflitos são reduzidos e as soluções pacíficas são priorizadas. Cria uma rede de apoio social onde os indivíduos se sentem valorizados e respeitados. Em contraste com o comportamento egoísta que reflete uma orientação voltada para os próprios interesses, e, frequentemente desconsidera o impacto sobre os outros. Embora o comportamento egoísta possa trazer benefícios imediatos para o indivíduo, ele tende a corroer a coesão social e a minar a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. A adoção do princípio da reciprocidade pode promover uma sociedade na qual as relações são mais harmoniosas e os indivíduos encontram uma satisfação mais profunda e duradoura.

As mídias sociais são responsáveis pelos inúmeros comunicólogos do ensaio e erro, aqueles que não avaliam devidamente as consequências do que publicam, o que pode levar a ações que prejudicam ou desconsideram os direitos e necessidades alheias. Temos ainda os que promovem deliberadamente desinformação ou informações ruidosas, com muitas possibilidades de interpretação, meias verdades e mentiras deslavadas. Contribuindo para uma sociedade fragmentada, dividida em feudos, menos equitativa, onde os recursos e oportunidades são desigualmente distribuídos. Gerando o aumento da probabilidade de conflitos e tensões sociais, uma vez que os interesses individuais frequentemente se colidem. A cooperação e a solidariedade são minadas pela competição e pelo individualismo extremo levando a desconfiança e alienação entre os indivíduos. 

Sair da bolha requer antes de tudo, vontade de agir em direção a objetivos para o bem, para o bom e para o belo comum. É a capacidade fundamental que permite aos seres humanos deliberarem, com direção a compreensão de liberdade, moralidade e da natureza humana. Lembrando sempre que a minha liberdade termina onde começa a sua, ou seja, a minha autonomia vai até o limite da sua, ou ainda, meu exercício de liberdade respeita o início da sua.

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora (rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)

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