ESTIAGEM

Equipes de combate a fogo em vegetação são reduzidas em Jundiaí

Por Nathália Sousa |
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Nathália Sousa
Curso para combate a incêndio em vegetação acontece em Jundiaí todos os anos, mas orientação é para que civis não se arrisquem em situações reais
Curso para combate a incêndio em vegetação acontece em Jundiaí todos os anos, mas orientação é para que civis não se arrisquem em situações reais

Com a estiagem e a baixa umidade do ar, os incêndios em vegetação se multiplicam pela cidade, logo, a demanda por profissionais que os extingam é imensa. Neste ano, só entre janeiro e maio, foram registrados 277 focos de incêndio em Jundiaí, entre focos em vegetação urbana (273) e na Serra do Japi (4), totalizando 47 mil m² de área queimada. O pior período do ano em relação a fogo em mata, porém, acontece entre junho e agosto.

Para coincidir com o período de estiagem, a Defesa Civil de Jundiaí, junto ao Corpo de Bombeiros e Divisão Florestal da Guarda Municipal, oferta anualmente cursos de combate a incêndio em vegetação. Em sete anos de capacitações, são estimados cerca de 700 combatentes formados, mas essas pessoas não podem, por segurança, atuar no fronte dos incêndios, apenas em funções de suporte. O que resta, então, é que as equipes da Defesa Civil, da GM e dos Bombeiros se desdobrem nos tantos incêndios que acontecem na cidade.

Incêndios esses que não têm causa natural. Sempre uma pessoa incendeia a área, geralmente para a limpeza do terreno, mas também há casos de quem coloque fogo por piromania. Neste cenário e somando-se limitações como os terrenos acidentados e de difícil acesso onde incêndios costumam acontecer, todos os anos há imensas áreas de vegetação devastadas. Em abril, o fogo queimou 45 km² no Morro da Baleia e, nesta semana, 33 km² na Serra do Japi.

COMEÇO

Segundo o 2º sargento Anunciação, do Corpo de Bombeiros de Jundiaí, o fogo é intencional. “As pessoas falam de cigarro, mas a maior ocorrência é de fogo colocado por pessoas. A maioria que coloca fogo recebe um valor para fazer limpeza de um terreno e, com fogo, o serviço é muito mais rápido. Há outros motivos, mas este é o principal. Outro motivo é a pessoa incendiária, que vai lá e coloca fogo. Isso acontece bastante em beira de rodovia, a pessoa está andando e coloca fogo na vegetação”, relata.

FORMAÇÃO

Coordenador da Defesa Civil de Jundiaí, coronel João Osório Gimenez soma já cerca de 700 pessoas que passaram pelo curso de combate. “Estamos há sete anos fazendo esses cursos em todo período de estiagem, porque esses cursos são uma das medidas mitigatórias do período de estiagem. A cada ano, são 80, 85 pessoas em média por curso, mas não são todos os inscritos que vêm e tem também algumas pessoas que já fizeram mais de um ano. Então podemos calcular 100 a 130 pessoas por temporada e que 750 a 800 pessoas passaram pelo curso.”

Neste ano, o curso vem sendo oferecido a pessoas já inscritas até quinta-feira (27), na Fazenda Ermida. “Esse curso dá noção para que as pessoas saibam onde podem atuar, mas principalmente em princípio de incêndio. Também há a conscientização, os fundamentos para que possam atuar sem risco. No combate, tem ações que não são só o combate direto, existe a coordenação de locais para suporte com água, sinalização. A pessoa pode oferecer auxílio à ação de combate, atuar em missões que não comprometam a saúde, mas é importante o conhecimento e a noção.”

“O principal motivo do curso é para que as pessoas tenham noção da dificuldade do combate, para que tenham consciência da limitação de mão de obra, que é muito grande”, explica Gimenez.

O coronel também diz que o curso pode ser ministrado a grupos que tenham interesse em saber como funciona o processo de combate. “Grupos que tenham interesse também podem entrar em contato com a Defesa Civil, porque, dependendo do número de pessoas interessadas, oferecemos o curso para o grupo, como uma associação de bairro, por exemplo. Só não conseguimos fazer atividade com fogo em qualquer lugar, mas procuramos oferecer o melhor para que as pessoas tenham conhecimento.”

ATUAÇÃO

Guarda da Divisão Florestal, Ribeiro lembra que civis não podem correr riscos no combate ao fogo. “O principal para os cidadãos é notificar os órgãos que estão aptos ao combate, porque algumas pessoas, na emoção, querem combater. O fogo surpreende até a nós, então é preciso ter segurança em relação ao terreno, a animais peçonhentos em fuga, fumaça e ao fogo. São riscos em que a pessoa pode estar se colocando”, explica.

Ribeiro diz que pessoas que não atuam em forças de segurança estão mais expostas aos riscos das chamas. “Somos equipes pequenas, mas cada uma tem uma função. Se eu incentivo a ida de um cidadão, a pessoa pode chegar lá e ser picada por um animal, ficar cercada pelo fogo. É legítimo querer combater o fogo, mas é importante fazer isso da forma correta.”

Guarda Belloni, também da Divisão Florestal, também fala que o fogo muda a todo momento e lembra dos riscos da fumaça. “O fogo é muito complexo, você visualiza em um momento, mas ele muda a direção e a pessoa pode ficar encurralada, pode ser acometida pela fumaça, que também é perigosa. Temos o impedimento de ter um civil perto da gente, às vezes vemos pessoas que querem ajudar, mas não podemos permitir. O que aconselhamos é que a pessoa acione o 153 se visualizar um foco na Serra do Japi ou 156 se o foco for em área urbana. Pessoas que não têm preparo e querem ajudar, podem fazer levando suprimentos aos combatentes, como água e frutas.”

Tanto Belloni quanto Ribeiro, que junto à GM Florestal atuam mais no território da Serra do Japi, lembram que a Serra não é um local de lazer. Embora o acesso pelo bairro Santa Clara tenha muitas vias públicas, além do risco de incêndios, a visitação à Serra sem consciência causa acúmulo de lixo e detritos no espaço de conservação ambiental.

O curso de combate a incêndio em vegetação é oferecido anualmente na Fazenda Ermida para pessoas inscritas / Nathália Sousa
O curso de combate a incêndio em vegetação é oferecido anualmente na Fazenda Ermida para pessoas inscritas / Nathália Sousa
O curso de combate a incêndio em vegetação é oferecido anualmente na Fazenda Ermida para pessoas inscritas / Nathália Sousa
O curso de combate a incêndio em vegetação é oferecido anualmente na Fazenda Ermida para pessoas inscritas / Nathália Sousa
O curso de combate a incêndio em vegetação é oferecido anualmente na Fazenda Ermida para pessoas inscritas / Nathália Sousa
O curso de combate a incêndio em vegetação é oferecido anualmente na Fazenda Ermida para pessoas inscritas / Nathália Sousa
O curso de combate a incêndio em vegetação é oferecido anualmente na Fazenda Ermida para pessoas inscritas / Nathália Sousa
O curso de combate a incêndio em vegetação é oferecido anualmente na Fazenda Ermida para pessoas inscritas / Nathália Sousa

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