OPINIÃO

Sob os trilhos das novas ferrovias


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Escrevendo meu artigo sobre o trem de alta velocidade, publicado no sábado dia 08 de junho, lembrei-me de como esse roteiro das ferrovias se deu.

O que precede as ferrovias são os caminhos indígenas e as entradas bandeirantistas, que tem nomes e são ancestrais e mesmo que tenham sido usadas, em boa parte, até a evolução para a ferrovia, nem sempre foram lembradas. Foram a origem de todo o processo de ocupação paulista e de como, sucessivamente, aconteceram as cidades, especialmente nesse rumo a noroeste, onde cresciam as novas cidades produtoras de café, como Ribeirão Preto.

Nesse ritmo que Campinas chegou a ser hoje a segunda maior cidade paulista com mais de 1 milhão e 100 mil habitantes e uma economia de mais de 72 bilhões de reais.

Antônio da Costa Santos (1952-2001), o Toninho, ex-prefeito de campinas, visionário, em sua tese de mestrado apontou isso com clareza. Nela, ele relata que a estrada bandeirista para as minas de Goyaz, onde se instalaria o pouso das Campinas Velhas, formaria a primeira ocupação da futura freguesia, nas primeiras décadas do século XVIII com a chegada da primitiva rota dos tropeiros paulistas. Com precisão confirmada em levantamento topográfico de 1880, e seu ponto de chegada na “Chácara do Paraiso”, pertencente ao Sr. Antônio Manoel Proença.

Relaciona ainda essa importância estratégica com função de concentrar o controle de uma parte do estado e associa ainda a transferência da capital do Estado do Brasil para o Rio de Janeiro em 1763, e a reconstrução de Lisboa após o trágico terremoto ocorrido no Dia de Todos os Santos do ano de 1755 com a fundação de Campinas, em 1774, em ação planejada política e estrategicamente, com perspectiva econômica de futuro certo na produção de café e açúcar.

A excelência da terra para o plantio do café e cana, gerou uma economia fantástica no século XIX e início do XX. Mesmo depois, em decadência, a cidade se transforma em industrial até chegar aonde está.

Por onde circularam as produções e tropas pelos caminhos bandeirantistas, como o Caminho das Minas de Goyazes, hoje estão os trilhos das ferrovias que conhecemos e que vão continuar a receber os novos trilhos do trem de alta velocidade.

São milhares de habitantes numa justificada e tardia estrada de ferro modernizada para atender esse enorme contingente de pessoas e de produção.

A tese de Antônio da Costa Santos “Campinas, Das Origens ao Futuro: Compra e venda de terra e água e um tombamento na primeira sesmaria da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso de Jundiaí (1732-1992)”. E esse artigo e uma pequena homenagem e lembrança saudosa desse arquiteto que teve sua vida interrompida em 10 setembro de 2001, assassinado por uma bala e que nos inspira até hoje.

Eduardo Carlos Pereira é Arquiteto e Urbanista

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