EXTERIOR

Israel usa catapulta medieval para atacar o Hezbollah

Objetivo é provocar incêndios sem empregar artilharia, mais dispendiosa

Por Igor Gielow | 4 dias atrás | Tempo de leitura: 3 min
da Folhapress

Reprodução/Redes sociais

Soldados de Israel usam catapulta com carga incendiária contra o Líbano
Soldados de Israel usam catapulta com carga incendiária contra o Líbano

Enquanto um conflito aberto e potencialmente catastrófico se desenha mais real dia após dia entre Israel e o Hezbollah, soldados do Estado judeu estrelaram um vídeo insólito no qual atacam uma área do Líbano com uma catapulta medieval.

Parecia uma brincadeira de gosto duvidoso, como tantas que têm aflorado nas redes sociais envolvendo militares israelenses desde que o Hamas palestino, aliado do grupo libanês, promoveu o inédito mega-ataque terrorista de 7 de outubro passado, desaguando na interminável guerra na Faixa de Gaza.

Mas as IDF (Forças de Defesa de Israel) confirmaram à rede estatal Kan TV que, de fato, os soldados atiraram cargas incendiárias contra uma região de vegetação densa junto ao muro que divide o norte do país do sul do Líbano.

O motivo presumido é queimar o máximo de área com cobertura vegetal do outro lado da barreira para facilitar a identificação de comandos e infiltrados do grupo fundamentalista libanês. De todo modo, as IDF disseram que foi uma iniciativa isolada dos militares, e não uma ordem do comando central.

De toda forma, a cena de soldados de um dos Exércitos mais avançados do mundo paramentados com proteção do século 21 lançando um material insondável com a catapulta remonta à paródias cinematográficas da trupe britânica Monty Python.

Segundo sites especializados em assuntos militares que pescaram o absurdo da situação, ela se explica pelo fato de que é uma forma eficaz de provocar incêndios sem empregar a mais dispendiosa artilharia. A região e a data exatas da ação não foram reveladas.

A catapulta em questão é um trébuchet (francês para trabuco), que ficou famosa nos cercos medievais, tendo ganhado essa denominação no século 14. A arma em si tem origem antiquíssima: os primeiros relatos de seu emprego vêm da China no século 4º antes de Cristo, seja para disparar pedras ou projeteis incendiários contra ou sobre muralhas.

A cena ocorre no momento em que o Hezbollah, que manteve uma postura contida até aqui no conflito de seu aliado também bancado pelo Irã contra Israel, está escalando suas ações. Após a morte do mais importante comandante regional do grupo no Líbano nesta semana, o grupo fez os dois maiores ataques com mísseis e drones contra território israelense.

Nesta quinta (13), foram alvejadas nove bases militares no norte do país, onde vigora uma zona de exclusão para civis junto à fronteira. Cerca de 60 mil pessoas estão fora de suas casas devido ao risco de uma guerra aberta.

O Hezbollah é reconhecido como uma força militar muito mais perigosa e armada do que o Hamas, e saiu com um empate na mais recente guerra com Israel, em 2006. Ele não entrou com tudo após ataque dos terroristas palestinos porque Teerã temia um conflito destrutivo do ponto de vista existencial na região, já que os Estados Unidos enviaram forças para garantir retaliação em caso de ataque a Israel.

Além disso, há considerações domésticas, já que o Hezbollah não é só um grupo militar, mas um partido político e entidade assistencialista. A escalada dos últimos dias, contudo, coloca o arranjo frágil em dúvida.

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