No Brasil, atualmente quase 11% da população é composta por maiores de 65 anos, em números em torno de 22 milhões de pessoas, ocupando o 6º lugar no ranking mundial com mais pessoas com 65+, conquistas essas graças às diretrizes do Sistema Único de Saúde, como o PNI – Plano Nacional de Imunização, acesso ao saneamento básico e fiscalização por partes de órgão regulatórios de trabalho, que definiram o uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), promovendo uma queda de acidentes de trabalho e doenças incapacitantes.
Claro, não podemos deixar de citar o aumento da alfabetização no país e acesso à informação, em especial na última década, com a explosão de conteúdos, materiais e informações. Por exemplo, a maioria das pessoas hoje tem ideia o que é o alimento ultraprocessado, dos pilares para ter uma longevidade que é exercício físico, boa noite de sono, boa alimentação e hidratação.
Esses idosos também vivem certas obrigações que os avós dos mesmos nem imaginavam vivenciar, cuidar de netos, amparar a rotina dos filhos, e uma bem delicada: cerca de 60% desses idosos são arrimo de família e sustentam grande parte dos custos familiares.
Esses são os ganhos de um país que vem envelhecendo a passos largos e muito falamos das doenças associadas ao envelhecimento, mas temos uma sujeira embaixo do tapete que precisamos expor e corrigir essa falha em nossa sociedade que é a violência contra a pessoa idosa.
Os números de denúncias de violência direcionada a pessoas idosas vêm crescendo. O número total notificado durante o período de 2020 até 2023 chegou a 408.395 mil - 53% são da região Sudeste.
Temos o lado que se houve mais denúncias, de fato a lei de proteção à pessoa idosa que é o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741, de. 1º de outubro de 2003, assegura direitos ao público 65+. Os casos mais recorrentes incluem as violências físicas, psicológicas, patrimoniais, sexuais, abandono e a discriminação, que detalharei um pouco abaixo. O abuso psicológico, como a humilhação, insultos, ridicularização, zombarias e o isolamento de pessoas de convívio.
A Violência Patrimonial é uma das mais comuns, que é qualquer prática que comprometa o patrimônio ou force a assinatura de qualquer documento sem ser explicado, alteração no testamento ou procurações e ultrapassar poderes a terceiros e antecipação de herança.
Abuso financeiro é apropriação indevida de cartões bancários, solicitar empréstimos sem consentimento e destinar valores de rendimentos a outros fins sem ser promoção do cuidado.
Discriminação ou “idadismo” e o que se refere a comportamentos discriminatórios, ofensivos, desrespeitosos em relação à condição física característica de uma pessoa idosa, desvalorizando e inferiorizando-a simplesmente por sua condição.
A negligência é a recusa ou a omissão de cuidados necessários ao idoso. O abandono é uma forma de violência que se manifesta pela ausência de amparo ou assistência pelos responsáveis em cumprir seus deveres de prestar cuidado a uma pessoa idosa.
Em caso de qualquer ocorrência desses fatos, não fique calado, denuncie. Disque 100 ou a Guarda Municipal de seu município. A denúncia é sigilosa.
Edvaldo de Toledo é enfermeiro, especialista em Gerontologia e Geriatria, apresentador do IssoPodAjudar PodCast do Jornal de Jundiaí
(atendimento@edvaldodetoledo.com.br)