OPINIÃO

A cor violeta para proteger e valorizar os 60+


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Embora a sociedade mundial esteja envelhecendo, com previsão de se chegar a aproximadamente 2 bilhões de pessoas com 60+ até 2050, segundo projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), ainda precisamos fazer ações para proteger os idosos. Neste mês de junho, temos a campanha cujo símbolo é a cor violeta, para promover a conscientização e alertar sobre o Combate à Violência contra a Pessoa Idosa.

A necessidade de se fomentar e disseminar ações para valorizar a população com 60+ e combater a discriminação e a violência contra elas que, muitas vezes, se encontram em situação de vulnerabilidade parece contraditório. De acordo com a Oxford Economics, “a economia da longevidade movimenta trilhões de dólares anualmente, posicionando-se como uma das maiores economias globais.”

Respeitar a população de cabelos prateados é honrar a experiência de vida. Na antiguidade, o “Conselho de Anciões” representava a voz da sabedoria e do conhecimento, adquiridos ao longo do tempo. Na Grécia, em Atenas, o Conselho formado por cidadãos idosos, escolhidos por sorteio, contribuía para a organização e governança da cidade-estado. No pós-império romano, os eventos relacionados à comunidade eram decididos pelos sábios sacerdotes anciões. Destaque, também, para os ancestrais das comunidades indígenas.

A efemeridade, os valores “flexíveis” de uma sociedade apressada e líquida, como define o sociólogo Zygmunt Bauman, na qual as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, fugazes e maleáveis, não há tempo suficiente para “consolidar” nem as relações, nem o conhecimento. Diante desse cenário, tudo que possa nos remeter a reflexão ou a experiência que transcende o tempo ficou para trás. A supervalorização e enaltecimento do jovem e do belo abriu um abismo entre as gerações que começa a ser reparado. 

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra.

O excesso de juventude está demostrando que é preciso corrigir a rota. Sem dúvida a jovialidade nos remete a vitalidade, frescor, inovação, alegria, expansão... o por vir! Os 60+ tem vivência. Erraram, fizeram de novo. Aprenderam, experienciaram, têm histórias para contar e podem ensinar! Aquele tem a tecnologia na veia, este, comprometimento, seriedade e responsabilidade até porque sentiu na pele os desafios que a vida os apresentou.

Equilíbrio, compreensão, harmonia e prática da “escutatória”. Sim, ambos os lados podem ganhar se estiverem preparados para ouvir e compreender similaridades e heterogeneidades, com respeito mútuo. Assim talvez, não precisemos de campanhas para aprender a respeitar e fazer valer os direitos dos idosos e divulgar os canais disponíveis para denúncias de maus tratos. Segundo dados do Disque 100, serviço disponibilizado pelo governo federal para denúncias de violação dos direitos humanos, revelam que, no primeiro semestre deste ano, mais de 33,6 mil casos de violações de direitos humanos foram registrados contra os idosos no país que, em grande parte, ocorrem dentro do próprio ambiente familiar.

Que a Violeta, na cor e na flor possam trazer a percepção e a compreensão do valor dos idosos, que já foram fortes, viris, belos e hoje talvez precisem dos cuidados daqueles que eles já cuidaram. Antes de tudo é preciso lembrar que somos todos humanos e envelheceremos...

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora (rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)

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