OPINIÃO

TIC e TIM, os expressos velozes que vão passar por Jundiaí


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Literalmente um avanço na mobilidade do país, a perspectiva do trem de alta velocidade que vai ser implantado entre São Paulo e Campinas deve ter o projeto analisado por diversas instâncias e, óbvio, tem que ser aprovado. Tardiamente esse trem que muda tudo nas questões de mobilidade com a nova velocidade, encontra uma situação insustentável onde o carro é o grande vilão:

Hoje para entrar em São Paulo, frequentemente se espera cerca de uma hora dentro do carro até conseguir acessar as marginais; mesmo a bandeirantes está abarrotada de carros e de caminhões. Para solucionar este impasse com a novas linhas de trens, que estão previstas para entrarem em circulação daqui a 7 anos (e não sei se resolverá) deve-se pensar em como mitigar o problema de trânsito que nos acomete hoje, principalmente com o aumento de carros nas ruas, que por aqui cresce com a venda, como nunca se viu, de apartamentos e lotes para moradores e trabalhadores de São Paulo. Parece é que a cidade volta a ser a cidade dormitório das décadas de 1970 e 80.

Hoje, o que está sendo proposto é um expresso TIC (Trem Intercidades) com velocidade de 95 km/h, que será implantado em 7 anos a um custo de 14 bilhões de reais, usando o modal da estrada de ferro existente e ligando São Paulo a Campinas em 64 minutos com parada em Jundiaí; e um Trem Intermunicipal (TIM) que ligará Jundiaí a Campinas com o mesmo serviço que é ofertado pela Linha 7.TIC e TIM palavras que serão incorporadas ao nosso vocabulário cotidiano, e todo mundo vai saber o que são.

Mas para as aprovações dos projetos o caminho é extenso e demorado. Aqui as estações de trem serão atingidas e como são tombadas pelo Condephaat, Compac e IPHAN (o espaço Expressa) terão que ser analisadas pelos três órgãos. Já sabemos que o Iphan não aprovou completamente as intervenções no Expressa. Ali seria implantado um viaduto de 500 metros para resolver interferências entre as linhas. A principal alegação é de que pode abalar o edifício, já que o trem tem peso e movimento que justifiquem essa preocupação. Além do mais, interfere na ambiência do Expressa.

Já na estação ferroviária de 1887 o problema é ainda maior e o impacto idem. Como a proposta é passar por dentro da estação, mesmo em baixa velocidade, pode ter impacto nas estruturas.

A demolição de parte do edifício da estação acarretará em uma importante descaracterização do bem. porque o desenho da nova linha de trem passa pela plataforma do antigo leito da Sorocabana, que fica em sua atual fachada, acarretando em mais um obstáculo para o acesso e obstruindo a visualização do conjunto protegido.

Além disso, uma nova passagem aérea seria construída, como na Barra Funda, o que a meu ver é a pior ideia e o maior comprometimento do bem. Isto porque teria uma competição com o edifício principal.

Essa nova edificação se sobreporia ao edifício antigo, criando uma situação de disparidade. Mesmo com as justificativas da necessidade e de que não alteraria os bens tombados, o volume do novo prédio não será bem-vindo, terá sim um impacto enorme no conjunto da antiga estação inglesa que foi da São Paulo Railway e depois da Companhia Paulista.

O volume construído sobre a ferrovia e em frente à estação vão impedir a visibilidade de quem vem de trem e de quem pela lateral observa o novo edifício. Outras alternativas precisam ser consideradas como as construções sob o terreno, com os guichês de passagem e transbordo, além de restaurantes e outros serviços típicos desse lugar.

Eduardo Carlos Pereira é arquiteto, urbanista e conselheiro do Compac (edupereiradesign@gmail.com)

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