DIA DO MEIO AMBIENTE

Apenas 4,5% do lixo jundiaiense é reciclado em 2023

Por Nathália Sousa |
| Tempo de leitura: 4 min
Arquivo pessoal
Erik D’Ambrosio construiu um robô com materiais reciclados para uma atividade escolar de seu neto
Erik D’Ambrosio construiu um robô com materiais reciclados para uma atividade escolar de seu neto

Neste Dia do Meio Ambiente, 5 de junho, que também é Dia Nacional da Reciclagem, um dos assuntos alarmantes quando se fala em preservação ambiental é a geração de lixo. Em Jundiaí, 2023 teve 6 mil toneladas de materiais recicláveis recolhidos, enquanto a quantidade de lixo recolhido como orgânico foi de 127 mil toneladas. No total, foram 133 mil toneladas de resíduos sólidos recolhidos e apenas 4,5% disso direcionados à reciclagem. Em valores simplificados, em média, cada jundiaiense gerou 300 kg de lixo no ano passado e, desse total, apenas 13,5 kg foram destinados à reciclagem.

Esse cenário acontece mesmo com ações, como a coleta seletiva, que atende 100% do município e recolhe itens como plásticos, vidros, latas, papéis, metais, entre outros. E com ecopontos, que têm sete unidades espalhadas pela cidade e onde, de acordo com a Unidade de Gestão de Infraestrutura e Serviços Públicos (Ugisp), é possível descartar gratuitamente resíduos sólidos que não podem ser jogados no lixo orgânico, como restos de madeiras, materiais verdes e equipamentos eletrônicos. Cada munícipe pode levar 1 metro cúbico (m³) de resíduos sólidos, por semana, por residência. Todo material recolhido é encaminhado ao Geresol, para destinação correta.

Além do descarte de lixo reciclável junto ao lixo orgânico, há outro problema na cidade: o descarte irregular. Não é difícil ver pela cidade pontos de descarte incorreto de materiais como entulhos de construção e móveis usados. Esses materiais, que podem ser levados a ecopontos, representam risco, inclusive de saúde, devido à epidemia de dengue pela qual Jundiaí passa. Segundo a Ugisp, o descarte irregular é crime ambiental passível de punição e multa, segundo as leis municipais nº 2140/1975 e nº 7.186/2008. A multa varia entre R$ 500 e R$ 12.446,72. O valor pode dobrar em caso de reincidência. Em 2023, foram aplicadas 47 multas do tipo. Toda e qualquer irregularidade no descarte de lixo deve ser registrada pelo 156.

EXEMPLO

Analista administrativo, Erik D’Ambrosio, de 47 anos, faz a separação do lixo em casa há cerca de 20 anos. “O que me motivou foi a consciência da necessidade de se reciclar. E percebi que o maior volume de resíduos da minha casa não se decompunha, ia para um lixão e ficava lá. Na época, não tínhamos internet como hoje, mas saber disso me causou um impacto. Na época, eu sabia que se separasse os materiais recicláveis e deixasse na frente da minha casa no dia em que não passava o caminhão do lixo, os catadores levavam. Isso foi antes de existir a coleta seletiva em Jundiaí.”

Para Erik, a separação já é algo natural do dia a dia, que não exige trabalho nenhum. “Na minha rua passa caminhão todos os dias. Em dias pares, do lixo orgânico, em dias ímpares, a coleta seletiva e cata treco. Para mim, separar e algo automático mesmo. Com a separação, meu lixo orgânico é bem pequeno, só o lixo do banheiro e da pia da cozinha. O reciclável, eu separo e vou colocando em sacolinhas, porque tem bem mais volume, mas não me dá trabalho nenhum.”

Para ele, Jundiaí é uma boa cidade neste aspecto, mas ainda falta consciência ambiental na população. “Tenho exemplos próximos que não separam o lixo, que coloca no mesmo lixo cascas de legumes e potes de plástico, latas. Essa falta de conscientização me incomoda. Apesar de Jundiaí ser referência, porque conheço o Geresol e os ecopontos, talvez ainda falte conscientização. Tem campanhas, meus netos estão na escola do município e tem ações. Teve uma tarefa para o meu neto fazer brinquedo com materiais reciclados, eu ajudei ele a fazer um robô. Mas talvez o poder público devesse fazer algo mais contundente”, opina.

Cartorária, Vera Aida de Oliveira Borin Souza, de 71 anos, faz a separação há cerca de 15 anos. “Começamos separando latinhas, vidros e embalagens de papelão. O motivo principal foi ajudar na preservação da natureza. Infelizmente poucas pessoas têm consciência em relação a essa separação. É mais fácil para a maioria da população jogar tudo em um só lugar, pouco se preocupando com que isso vá provocar no meio ambiente”, fala.

Para Vera, a separação também não causa qualquer ônus na rotina. “Não é nenhum trabalho, é automático. Em primeiro lugar, limpamos as embalagens retirando todos e quaisquer resíduos de produtos que elas possam conter. Separamos todas as tampas plásticas, latas de cerveja,  garrafas de vidros, vidros quebrados, tampinhas de metal. Os demais recicláveis, ficam juntos em um tambor. Depois, eu levo para o cartório em que trabalho, na cidade de Várzea Paulista, e junto com o que separamos lá. Uma vez por semana, uma ONG passa e leva. No cartório, papeis descartados são fragmentados e também levados pela ONG.”

NÚMEROS

Na pandemia, a quantidade de lixo gerada em Jundiaí foi muito maior do que em anos anteriores. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, Jundiaí gerou 133 mil toneladas de resíduos sólidos em 2022, 153 mil toneladas em 2021, 157 mil toneladas em 2020, 145 mil toneladas em 2019 e 122 mil toneladas em 2018. Nesse mesmo período, considerando todos os anos citados, a porcentagem de resíduos urbanos reciclados não chegou a 2% em cada ano.

Comentários

1 Comentários

  • Mara 05/06/2024
    Se a coleta seletiva recolhesse o lixo reciclado sempre, com certeza essa porcentagem iria aumentar. Ontem mesmo foi dia de coeta seletiva na minha rua e mais uma vez não recolheram meu lixo reciclado, então será levado hj pela coleta normal...