OPINIÃO

De Itu, o grande exemplo


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Itu é uma cidade heráldica, uma das mais festejadas na História do Brasil. Ali nasceu o republicanismo, que acabou vencendo o Império em 1889. Berço de santos – ali viveram Padre Bento, Madre Theodora e nosso primeiro bispo, Dom Gabriel Paulino Bueno Couto – notabilizou-se pela fama de que em Itu, “tudo é grande”. Grande, na verdade, é o que Itu faz em relação ao meio ambiente.


Tudo começou com Alida Fleury Bellandi, Presidente da empresa Guarany, preocupada com a fragilidade do sistema hídrico da região. Ela teve a ideia, hoje exitosa, da “adoção de nascentes”. Motivou empresários a acompanhá-la. Convenceu o Prefeito a adotar a estratégia como política municipal acima dos interesses eleiçoeiros. O resultado é que Itu respira um ambiente ecológico bem desenvolvido.

A Guarany se descarbonizou por completo. Não emite mais o carbono venenoso que gera o aquecimento global e modifica a situação climática do planeta, pondo em risco a continuidade da experiência humana sobre a Terra. Impregnada de um espírito de solidariedade ambiental que se disseminou por toda a cidade, Alida passou também a cuidar da prevenção de incêndios.

Todos sabemos como nossa região é vítima de fogo assassino, muitas vezes provocado por quem quer se desvencilhar da cobertura vegetal e especular com empreendimentos clandestinos e nefastos à preservação.

Nos dias 27 e 28 de junho, Itu promoverá um evento chamado “Encontrando soluções para prevenir e combater incêndios”. O primeiro Painel abordará a Visão Global de Incêndios – cooperação internacional, com a palestra magna “Governança integrada de manejo do fogo em paisagens naturais e culturais. Pers Perspectivas globais e latino- -americanas”, a cago de Johann Georg Goldammer, do Centro Global de Monitoramento de Incêndios da Alemanha. Em seguida, “Cooperação entre Portugal e Brasil. Entendimentos e realidade de incêndios tropicais e do mediterrâneo”, com Tiago Oliveira e Flávio Leite. Prossegue com “Apoio na gestão de incêndios florestais na América Latina e Caribe”, a cargo de Patrícia Sonhueza, do Chile, Mariana Senra de Oliveira, do Ibama e Guilherme Befossé, da Argentina. Marcos Giongo e Antonio Batista falarão sobre o Centro de Monitoramento Ambiental e Manejo do Fogo Regional na América do Sul.

Um segundo painel abordará as experiências de prevenção e combate em vários biomas, desenvolvidas em todo o Brasil. Falará o Coronel Paulo Barroso. Sobre incêndios em parques nacionais e estaduais dissertarão Rodrigo Belo e João Morite. O grande climatólogo brasileiro Carlos Nobre terá a sua vez para contemplar o tema “Incêndios em Florestas Tropicais com foco no Bioma Amazônico”, dada a sua vastíssima experiência. Em seguida se falará sobre a relevância do setor florestal na economia, com panorama do setor privado no Brasil e a visão europeia. A transformação do conhecimento em valor. Um novo modelo de interface entre a Academia e o Setor Privado, com especialistas como Paulo Hartung e Carlos Fonseca Ifarest Wise.

Outro tema instigante é o papel das empresas na preservação das florestas nativas e no combate aos incêndios, com cases de sucesso e a contribuição na redução dos focos e o trabalho com as comunidades locais, a importância da cadeia – empresas produtoras de equipamentos, insumos, monitoramento, novas tecnologias e treinamento de brigadas e o primeiro dia terminará com a palestra magna “A íntima relação entre mudanças climáticas e incêndios florestais”, a cargo de Thelma Krug, da Suíça. A sexta-feira será reservada a curso de investigação de incêndios florestais e visitas ao setor rural ituano. Parabéns, Itu! 


JOSÉ RENATO NALINI é reitor, docente da pós-graduação e Secretário-Executivo de Mudanças Climáticas de São Paulo (jose-nalini@uol.com.br)

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