Quanta razão têm alguns amigos ao dizerem que abril é o mais cruel dos meses. Nesta manhã, 29, uma segunda-feira de abril, foi-se embora João Carlos José Martinelli. Saiu da vida sorrateiramente, sem vinheta de encerramento. Dr. Martinelli era um brilhante advogado, professor universitário, membro da Academia de Letras e também da Academia de Letras Jurídicas de Jundiaí, e teve boa parte de sua vida ligada às palavras, como destacado escritor. Ficar ao seu lado era um privilégio. Tinha cultura e vocabulário invejáveis. Tinha ideias boas e inteligência reflexiva.
Conheci, ao longo da vida, pouquíssima gente com a retidão, a integridade e honestidade do Dr. Martinelli. E a sua generosa solidariedade com os despossuídos, os relegados, os desprezados, os submetidos. Martinelli não se tornou apenas herdeiro de sangue do seu pai, o renomado "vereador honorário de Jundiaí, Hermenegildo Martinelli, pessoa extremamente apaixonada pelas coisas de Deus. Herdou também o peso de sua integridade e de carinhosa filantropia. Foi um homem em pleno exercício de sua condição humana.
Partiu sem se despedir. Na verdade, não morreu, apenas se ausentou. Continuarei a procurar seus escritos e suas mensagens no Facebook, nas redes sociais e jornais. E as fotos tiradas nos cantos da cidade. Lugares indescritíveis que nossos olhares desatentos jamais puderam perceber. Relíquias divinas as tiradas de dentro de nossa Catedral. Ainda não sinto sua falta. Passarei em seu escritório a buscar seus conselhos jurídicos. Irei ao Mercadão sentar com seus amigos nas tardes de quinta-feira. Rememorar os velhos tempos da charmosa Pauliceia. Estarei atento às suas palestras nas Academias de Letras. Martinelli era um super pai, divertido, comunicativo e amigo, procurava passar seus conhecimentos aos filhos, cuidava para que todos escrevessem corretamente e aconselhava a agir com lealdade e transparência. E que aprumo ético demonstrava com os advogados, estimulando os mais jovens, aconselhando-os, sem que as lições tivessem o travo do mestre ensinando, mas sempre do colega opinando, com humildade e simplicidade. Não só com os advogados, e sim com todos, com seus alunos e seus clientes, a forma de lidar com os humildes, a sua simpatia, e seu senso de humor. Com sua partida, fica-nos a lembrança do pai exemplar, do marido companheiro, do escritor de sucesso e dos tempos bons dos finais de tarde. Um grande jundiaiense. Os íntimos perderam um excelente amigo. Foi fiel ao seu estilo e à sua vontade. Assim quis da vida e tenho certeza que não se arrependeu. Partiu e com ela parte da história desta cidade por onde registrou seu nome com excelência. Homenagem aos que partem e não os esquecem. Esses não nos esquecem e nos fazem a doce companhia, agora eterna. A sua bela família e a sua querida esposa Ivone e a todos os seus familiares, gostaria de dirigir os nossos sentimentos e acredito que a maioria da população jundiaiense gostaria de fazer o mesmo.
Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)