OPINIÃO

As surpresas e aventuras na Serra do Japi


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Dia desses, quando caminhava pela Serra do Japi, no bairro Eloy Chaves, em Jundiaí, me deparei com um ouriço equilibrista. Sim, estava no fio de alta tensão a uns cinco metros do chão, seguindo lepidamente, cruzando árvores e arbustos. Eu, juntamente com um grupo de caminhantes "urbanos", preocupados com o bichinho, paramos uma viatura da guarda florestal, apontamos para o alto e mostramos o animalzinho. Os guardas, muito solícitos, pacientemente nos explicaram que os ouriços estão acostumados a fazer esse percurso, que vai da guarita do parque e atinge quase um quilometro a frente.

Essa é somente uma das surpresas que a Reserva Florestal Serra Japi pode proporcionar aos seus visitantes. A rica flora e fauna pode apresentar paisagens diferentes a cada dia e não é difícil avistar, mesmo que ao longe, animais como pequenos bandos de saguis fazendo malabarismos e dando saltos mortais entre as árvores; gatos-do-mato, também chamados de jaguatiricas, atravessando a rua correndo na sua frente, ou uma cobra jararaca tomando sol bem no meio da estrada. Afinal é uma área de preservação ambiental. Você também poderá ver onça parda, furão, cateto, serelepe, preá, veados, capivara, tapiti, entre muitos outros.

É o local ideal para aquietar o corpo e a mente. A serra abrange, além de Jundiaí, os municípios de Cabreúva, Pirapora do Bom Jesus e Cajamar totalizando 350 km². Desse total, 191,7 km² são tombados pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).

Noutro dia, encontrei uma voluntária da Sahaja Yoga explicando um pouco sobre meditação. Fizemos uma prática conduzida por ela durante 20 minutos, sentada em posição de lotus, com os olhos fechados e o corpo voltado para a Serra. A experiência foi excepcional. Sou praticante de meditação e pude experimentar uma sensação de plenitude.

Mas o destaque vai para o grupo de voluntários sêniores que cuidam, conservam, aguam e já plantaram mais de 700 árvores lá. Um senhor com mais de setenta anos, Joaquim Morais, com perfil no LinkedIn e destaque para a alcunha de reflorestador - Serra do Japi, tem muita história para contar:

Estavam eles tomando café num grande supermercado da região, à beira da Rodovia Dom Gabriel Paulino Couto, quando um grande alvoroço começou na frente do estacionamento. Um filhote de veado, com mais de um metro de altura, corria desesperado de um lado para outro, trombando com os carrinhos de compras. Quanto mais as pessoas tentavam se aproximar, mais ele se debatia, se sentindo acuado. O grupo, tomando ciência da situação, acionou imediatamente a emergência da guarda florestal, que por telefone os instruiu como proceder.

Improvisaram um cobertor com o casaco de uma das funcionárias. Era preciso urgentemente cobrir a cabeça e tapar os olhos do filhote para que ele parasse de se debater e se acalmasse, caso contrário poderia morrer de estresse. Os voluntários conseguiram ludibriar o bichinho assustado, colocaram a "manta" sobre sua cabeça e o ajudaram a deitar-se no chão enquanto esperavam chegar o resgate da guarda florestal que já estava a caminho. A aventura inesperada acabou com o filhote salvo.

Causos à parte, a Serra do Japi pode proporcionar momentos de contemplação, paz, lazer e prazer. Tudo depende da sua disposição em se entregar e comungar com a paisagem de cadeias montanhosas e vegetação remanescente da Mata Atlântica.

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora (rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)

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