OPINIÃO

Maioria dos professores faz faculdade a distância

30/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

No último artigo falamos do possível apagão de professores da educação básica, dada à baixa procura pelos cursos de Licenciatura e da elevada evasão. Um dos componentes que explicam o expressivo abandono é a ampliação de graduações a distância, cuja oferta explodiu nos últimos anos e na qual a desistência é maior.

O último Censo Educacional, referente a 2022, registra claramente este quadro: em apenas quatro anos, entre 2018 e 2022, houve um aumento de 189,1% nos cursos nesta modalidade no ensino superior.

Na formação de professores, este fenômeno é ainda mais visível. Em 2022, o percentual de formados em algum curso de Licenciatura por EAD alcançou 64%. Nos demais, cerca de um terço dos estudantes se forma a distância.

Pedagogia é, de longe, a graduação mais popular no EAD. E, entre os ingressantes nas Licenciaturas, 81% estão nesta modalidade – sendo que, nas faculdades privadas, este percentual alcança 93,7%. Ou seja, o que deveria ser exceção é, hoje, o principal caminho para formação de professores no Brasil. 

Inúmeros estudos mostram que a prática pedagógica nas salas de aula é componente central para a aprendizagem dos alunos. Por isso, professores bem preparados, com vivência nas escolas, motivados e com boas condições de trabalho são fundamentais para que os estudantes aprendam.

O Brasil já apresenta deficiências em vários desses aspectos, a exemplo de salário e condições de trabalho, como mostramos no último artigo. Por isso, não pode também falhar na formação dos futuros professores que, hoje, assistem aulas assíncronas (sem interação), com material de baixa qualidade e sem experiência de sala de aula.

Além disso, pesquisas mostram que 70% dos alunos não realizam nem a quantidade de horas mínima de estágio obrigatório. A suposta democratização do ensino, propiciada pelo EAD, não pode servir de escudo para encobrir deficiências.

A preocupante situação atual levou diversas entidades ligadas à área de educação a pedir providências ao Ministério da Educação (MEC). No fim do ano passado, o MEC a suspendeu os processos de autorização de novos cursos a distância de 17 áreas, entre elas todas as licenciaturas.

O ministro Camilo Santana declarou que não vai mais permitir cursos de Licenciatura totalmente a distância e agora o MEC está avaliando qual o percentual da graduação poderá ser feito EAD.

Na semana passada, foi revelado que o Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão que assessora o MEC e organiza as diretrizes curriculares do país, deu parecer estabelecendo em pelo menos 50% a carga horária presencial para Licenciaturas e Pedagogia.

O parecer ainda precisa da chancela do ministro Camilo Santana, que deve homologá-lo nas próximas semanas. Associações ligadas ao ensino EAD e diversas faculdades privadas já se manifestaram contra, dizendo que este percentual inviabiliza boa parte dos cursos.

Como contraponto, vale destacar o trabalho de excelência da Faculdade Sesi de Educação, que forma professores por área de conhecimento (Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Matemática), é 100% presencial e totalmente gratuita. Além disso, a instituição disponibiliza bolsa permanência para alunos que necessitam.

Outro diferencial da faculdade é oferecer residência educacional desde o início do curso, na rede Sesi-SP ou nas escolas públicas, dando ao futuro professor vivência de sala de aula desde cedo.

Brasil não irá avançar sem educação de qualidade. E, para atingir este objetivo, precisamos formar bons professores.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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