OPINIÃO

'Meio século de cooperação e olhos para o futuro'

23/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Neste ano, mais precisamente em 15 de agosto, Brasil e China vão celebrar os 50 anos da retomada de suas relações bilaterais num cenário geopolítico muito diferente de meio século atrás. O mundo de hoje não é o mesmo daquele distante 1974, em que as nações estavam divididas entre os blocos capitalista e socialista, sob constante tensão.

Mais recentemente, sem o fantasma da "guerra fria" a tensionar cada passo dos países em suas relações, Brasil e China puderam estreitar uma parceria que coloca tanto os brasileiros quanto os chineses numa posição privilegiada no xadrez global, seja nas questões econômicas como nas políticas.

A China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil nos últimos anos. Um quarto das exportações brasileiras (soja, petróleo, minério de ferro etc) vai para o país asiático. São valores da ordem de 90 bilhões de dólares ao ano, que na balança comercial resultam em um superávit de 30 bilhões de dólares, praticamente a metade de todo o saldo positivo do país.

Se as relações comerciais resultam bem sucedidas entre os dois países, não é diferente a situação nos posicionamentos políticos a respeito do mapa mundial. Nestes últimos 50 anos, e ainda mais acentuadamente nas primeiras décadas deste século, a China tornou-se uma aliada estratégica no fortalecimento de um mundo multipolar, com respeito à soberania entre os países - entre eles os do chamado Sul Global -, que por tanto tempo foram negligenciados ou marginalizados nas discussões sobre os rumos do planeta.

Prova disso é a consolidação e, mais recentemente, expansão dos Brics, que alteraram a ordem mundial. Ou o encontro de líderes China-América Latina e Caribe, em julho de 2014, quando o presidente Xi Jinping apresentou suas propostas para um futuro compartilhado entre China e América Latina. Demonstrações efetivas do conceito, lançado pelos chineses há 11 anos, em construir uma comunidade internacional com o futuro compartilhado para a humanidade.

Um conceito que vai ao encontro do que defende o governo do presidente Lula, de respeito e soberania das nações. "Um mundo de paz duradoura, segurança universal, prosperidade comum, abertura e inclusão, limpeza e beleza, num mundo multipolar igualitário e ordenado, com uma globalização econômica inclusiva no sentido de um futuro de paz, segurança, prosperidade e progresso", segundo palavras do próprio governo chinês.

Trata-se, portanto, de uma posição que merece ser preservada e intensificada ao longo dos próximos 50 anos, movida pelos dois países que são os maiores mercados emergentes, cada qual em seu hemisfério – Brasil no Oeste, China no Leste.

Como presidente da comissão de relações internacionais da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), e membro apoiador da Frente Parlamentar São Paulo - China, posso afirmar que o Brasil, bem como o estado de São Paulo, são simpáticos à visão dos chineses para o futuro da humanidade. Temos trabalhado neste sentido em nosso mandato, sempre procurando estreitar nossas relações. Não apenas pelas questões econômicas ou geopolíticas, mas também porque, segundo as estimativas mais recentes, aqui moram 300 mil chineses e cerca de 16 mil brasileiros vivem no território chinês - contingente de pessoas que praticamente dobrou nos últimos cinco anos –, promovendo um intercâmbio social e cultural onde ambos os países saem ganhando.

Deputado Maurici (PT) é presidente da Comissão de Relações Internacionais da Assembleia Legislativa de São Paulo – Alesp

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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