OPINIÃO

A sensibilidade dos investidores externos

20/03/2024 | Tempo de leitura: 2 min

O mundo caminha determinado na direção da biodiversidade. A transição energética é pedra fundamental nesse processo.

Em 2023, dados da Blommberg Nef mostram os países que mais receberam investimentos em transição energética: em primeiro, a China, com US$ 675,9 bilhões; em segundo, os Estados Unidos, com US$ 303,1 bilhões; em terceiro, a Alemanha, com US$ 95,4 bilhões; em quarto, o Reino Unido, com US$ 73,9 bilhões; em quinto, a França, com US$ 55,5 bilhões e em sexto lugar, o Brasil, com US$ 34,8 bilhões.

No mesmo estudo, encontramos os países prioritários para financiamento em biodiversidade. O Brasil aparece em nível de prioridade, em primeira posição.

Nosso país detém, atualmente, um pouco mais de 85% da nossa matriz elétrica, gerada por fontes renováveis. A energia hídrica representa 56% da matriz elétrica; biomassas 8,4%; eólica 14,4% e solar 5,77%. Somos o país que mais produz no mundo, a chamada energia limpa.

Não obstante os números favoráveis para a nossa economia, precisamos considerar que temos ainda os Cerrados, a Amazônia, um sol exuberante, ventos em todos os lugares e direção, água abundante, e, no, entretanto recebemos, em 2023, do exterior, o ínfimo valor relativo, de apenas US$ 34,8 bilhões em investimentos em transição energética.

É pertinente, entretanto, tentar entender o porquê dos baixos investimentos externos em nossa economia, especificamente, na formação bruta de Capital Fixo e na infraestrutura nacional. A resposta, não absoluta, mas relativa, vem sendo objeto de analistas econômicos, no Brasil e no exterior, de que as manifestações e ações do mandatário nacional, vem produzindo reações negativas junto aos investidores externos, abordando a insegurança jurídica, quando, por exemplo, se tenta cancelar a privatização da Eletrobrás.

Dependente que somos da Poupança Externa, tivemos agora o gravame em nossa imagem junto a esses investidores, os fatos relativos à ingerência política na segunda maior mineradora do mundo, a Vale, com a iniciativa de mudar a Presidência e ou Presidente do Conselho de Administração, por membros ligados ao Governo. Segundo analistas a competência técnica ficou em segundo plano.

O fato mais recente se deu junto à maior Empresa Nacional, com o não pagamento de dividendos aos seus acionistas, por orientação governamental, que provou uma perda de R$ 67 bilhões no valor da empresa. Quando se fala no valor da empresa, leia-se perdas de todos os acionistas, inclusive o Tesouro Nacional, que detém um pouco mais de 12% das Ações Ordinárias (que dão direito a voto) na Empresa. A reação do "mercado" foi grande, com uma queda próxima de 16% no valor das ações.

É preciso considerar ainda que a Petrobrás é uma empresa de Capital Aberto, com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, e, também, na Bolsa de New York, a Wall Street.

Por último, a máxima de "se não puder fazer um amigo, não faça um inimigo" não foi observada pelo Governo nas severas críticas à Israel, relativas ao conflito na Faixa de Gaza.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia do Unianchieta, Membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas (messiasmercadante@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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