OPINIÃO

Como fazer um centro cultural de excelência


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Inaugurada no final de 2022, a Pinacoteca do Ceará é o resultado de mais de 80 anos de luta das artes visuais para a criação de um espaço cultural que pudesse abrigar as obras de arte do Estado do Ceará.

A reivindicação para a criação de uma Pinacoteca do Estado remonta aos anos 40, mas só foi efetivamente plantada em 1966 com a criação da Secretaria da Cultura. Porém, a área de 25 mil metros quadrados no centro de Fortaleza, com sete galpões da antiga Rede Ferroviária Federal S/A (REFFSA), que abrigaria a Pinacoteca só foi desapropriada em 2011.

Em 2019, o projeto foi ampliado, abrangendo o Prédio da Estação Ferroviária João Felipe, que agora compreende o Complexo Cultural Estação das Artes,  constituído do Mercado AlimentaCE, a Estação das Artes, o Museu Ferroviário, o Centro de Design e a Pinacoteca do Ceará, além da sede da Secretaria de Cultura do Estado e Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Cultural (IPHAN).

Os galpões da antiga REFFSA foram construídos em estilo neoclássico, em 1924, para receber e armazenar as mercadorias vindas do interior pela estrada de ferro, que ligava a capital a Pacatuba. A Estação Ferroviária João Felipe, datado dos fins do século 19 (1872 – 1880), com características neoclássicas bem definidas, foi construída em grande parte com mão de obra dos trabalhadores da seca que afetou o Ceará no período de 1877-1879. Ambos os prédios foram tombados pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado do Ceará (COEPA) e pela Coordenação de Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza.

Considerada a maior Pinacoteca do Brasil, com seus 9.275 metros quadrados de área útil, ocupa os galpões da antiga REFFSA, com salas de exposições, laboratório de conservação, restauração e higienização de obras de artes, ampla reserva técnica climatizada, auditório, ainda conta com ambiente de pesquisa e catalogação. O projeto ficou a cargo do escritório português Carvalho Araújo.

A Pinacoteca é gerida pelo Instituto Mirante de Cultura e Arte, independente da prefeitura e do governo do Ceará. Grandes exposições estão abertas, antes Chico da Silva, agora Aldemir Martins, Leonilson e seus amigos artistas. Antônio Bandeira em outra sala com importantes obras reunidas ali.

A gestão é do artista Rian Fontenele, que faz questão de falar que a agenda está fechada até 2027. E busca outras maneiras de expor, além de acreditar em ocupar os espaços com ateliês de artistas cearenses para trabalharem ali. Torna viva e eficiente a cultura, com excelente resultado.

O que me chamou a atenção é que todas as atividades são ligadas ao ensino. Assim, as áreas de conservação do acervo e restauração estão em constantes cursos para difundir o conhecimento, as técnicas e as atualizações, o que em São Paulo é extremamente restrito.

Erik Santos de Jesus, depois de 12 anos no MASP cuidando do acervo do museu, aceitou a tarefa de ser responsável pelo acervo e pela difusão do conhecimento da restauração e conservação da Pinacoteca do Ceará. Os cursos realizados ficam sob a coordenação do Erik e, quando divulgados, a Pinacoteca abre um link de inscrição, com produções de vídeo e aulas abertas, disponíveis no Canal da Pinacoteca do Ceará no YouTube.

As informações podem ser obtidas no site da Pinacoteca acessando www.pinacotecadoceara.org.br ou pelo seu canal do Youtube, www.youtube.com/@pinacotecadoceara.

Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)

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