OPINIÃO

A aventura de ser +50

06/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Envelhecer... processo natural da vida... nascer, crescer, procriar, morrer. Embora nossa sociedade supervalorize a jovialidade e a beleza - vide os inúmeros procedimentos estéticos invasivos ou não, que postergam a aparência dos traços e rugas que provam a passagem do tempo - o avanço da idade é inevitável.

A população brasileira está envelhecendo. Temos cada vez mais pessoas chegando aos 60 anos. Os dados do IBGE de 2022 apontam que, em 2010, a cada 30,7 idosos (65 anos ou mais), o país tinha 100 jovens de até 14 anos, atualmente, são 55 idosos para cada 100 jovens.

O mercado de consumidores 50, também chamado de "economia prateada", representa 55 milhões de pessoas que movimentam 2 trilhões de reais, em sua maioria mulheres. O Brasil possui 6 milhões de mulheres a mais do que homens (dados do IBGE/2022). O número de homens em relação ao grupo de 100 mulheres está em 94,2, o que mostra tendência histórica de predominância feminina.

Compreender esses dados implica em mudanças de paradigmas e a quebra de tabus sobre ficar velho. Willians Fiori, especialista em economia da longevidade, atuante na construção de marcas com foco no público 60 , elencou 50 motivos pelos quais devemos observar de perto o consumidor 50. Fiori é o idealizador do Gerocultura, iniciativa que reúne setores da sociedade para discutir o envelhecimento populacional. Vamos comentar aqui alguns deles.

O fenômeno de aumento da expectativa de vida é global, o que indica o surgimento de um grupo de consumidores com características particulares. São pessoas maduras com vasta experiência e sabedoria de vida, que tomam decisões de compra com base em pesquisa e informação. Preferem produtos de qualidade em vez de alternativas mais baratas. Querem marcas que sejam autênticas e transparentes; tendem a ser mais fiéis àquelas que amam, também estão cientes do que as marcas representam. Estão abertos a experimentar novos produtos e serviços, buscando os que promovam bem-estar e saúde. Muitos deles estão em uma posição financeira estável, tendo economizado ao longo da vida.

Ainda segundo o especialista, o consumidor 60 está se tornando mais tech-savvy, ou seja, atento às novas tecnologias, com disposição para aprender e utilizá-las de forma prática. Para essa geração nunca é tarde para aprender, procuram por novas oportunidades educacionais.

Diferentemente da imagem das vovós e vovôs que ficavam em casa sentados confortavelmente no sofá da sala vendo TV, boa parte do público 60 são ativos em suas comunidades, muitas vezes têm papel relevante na família como tomadores de decisão e influenciadores das gerações mais jovens dentro de casa. Destacam-se pela diversidade de interesses, com tempo e recursos para viajar. Preferem comunicação clara e direta.

A transformação na faixa etária da população requer atenção e mudanças no modelo de produção e de comércio, que abarquem a longevidade da população de forma saudável e estruturada, de forma que a sociedade passe a reconhecer o papel que os 60 representam e passarão a representar. Para Willians Fiori, é socialmente importante atender a este grupo demográfico, que representa um segmento significativo do mercado, cujas necessidades e desejos estão sempre evoluindo e oferece oportunidades para expansão de programas de fidelidade, bem como a personalização de produtos e serviços.

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora (rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)

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