OPINIÃO

A onda da terceirização da reflexão

28/02/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Assim como as ondas mantêm o seu ritmo de ir e vir, os ciclos humanos se repetem quando não se observa o que se está fazendo, como o faz e quais são as consequências para si e para os outros.

A onda da terceirização do trabalho chegou ao Brasil, na década de 70, no setor público, e passo a passo ganhou espaço no setor privado. Define-se terceirização como o processo pelo qual uma instituição ou empresa contrata outra para prestar um determinado serviço.

A onda da terceirização se estendeu tanto que chegou ao pensamento. Modismos, óbices, destacam-se nas mídias sociais e os "influencers" tomaram o lugar dos pais, professores, livros, e dos "anciões conselheiros" (avós). O marketing de influência invadiu as redes sociais como um tsunami onde 3 em cada 4 internautas seguem influenciadores para tomar decisões, segundo pesquisa da Opinion Box junto com a Influency.me.

Nunca tivemos tanto acesso à informação como nos dias de hoje, mas a capacidade de se filtrar o que serve, o que é útil para si e para o outro ficou em segundo plano, e o pensamento reflexivo se tornou quase obsoleto, já que a tomada de decisão está delegada a terceiros.

Delegar, "transferir poder, função, competência, a outrem, que passa a poder representar e agir em nome de quem transferiu esse poder", definição descrita no dicionário da Língua Portuguesa.

Num mundo cada vez mais conectado, é inegável o poder dos influenciadores sobre os jovens. A pesquisa demonstra que 8 em cada 10 mulheres internautas, na faixa etária entre 16 a 29 anos seguem influencers, totalizando 86%. Para os pesquisados é importante que o influencer tenha conhecimento sobre o que fala e transmita a informação de forma divertida. Um ponto favorável é que 54% deles está mais atento a qualidade do conteúdo e 35% deles responderam que se influenciador postar muita propaganda/posts patrocinados por marcas é motivo para dar unfollow.

Os temas mais procurados, segundo a pesquisa são: viagem e turismo com 36%; finanças tem 35%; saúde/fitness ficou com 34%; humor ganhou 31% e gastronomia/receitas, 25%.

Mais duas ondas foram detectadas na observação da pesquisa realizada pela Opinion Box junto com a Influency.me, o poder alcançado pelo uso das estratégias do marketing de influência e os jovens que também sonham com a profissão de "influencer".

A abordagem orgânica na comunicação com o público é uma das principais características do marketing de influência. Com milhões de seguidores, os influenciadores têm o potencial de aumentar o reconhecimento das marcas e transformar essa influência em vendas. A pesquisa constata que 75% dos entrevistados disseram que já realizaram algum tipo de compra após a recomendação de um influenciador nas redes sociais.

Para ser um "influencer" profissional é preciso dedicação. Conquistar a confiança dos internautas não é um trabalho fácil. Dos entrevistados, 61% disseram que, além de seguidores, é preciso ter talento e um bom conteúdo, que seja explicativo e vá direto ao ponto, 26% costumam seguir hashtags para acompanhar os posts de determinados assuntos e quase 60% têm o hábito de clicar nas tags dos posts.

No meio de tantas ondas, temos influencers para todos os gostos e níveis intelectuais, só não podemos delegar todo o poder de decisão para terceiros, já que as consequências das escolhas recaem sempre sobre quem delega.

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora (rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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