OPINIÃO

FMI mais otimista com economia mundial

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O relatório "World Economic Outlook" (Perspectiva Econômica Global), elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), é um dos mais importantes faróis da situação da economia mundial. A divulgação do documento com as análises e projeções para 2024, em tempos de tanta incerteza, trouxe algum alento. As perspectivas estão melhorando e o mundo deverá crescer 3,1% em 2024, 0,2 ponto percentual (p.p.) a mais do que o previsto em outubro passado.

A resiliência do crescimento global e a melhora das condições da inflação, que vem caindo, abrem caminho para um pouso suave da economia, na visão do FMI. Desde o choque da pandemia de Covid-19, há quase quatro anos, quando houve uma explosão de gastos públicos e, consequentemente, o patamar inflacionário atingiu níveis inéditos em 40 anos em países desenvolvidos, as nações tentam normalizar a situação econômica e evitar uma recessão severa.

O crescimento mundial mais robusto beneficia o Brasil, um grande exportador de commodities, e o país deverá crescer mais do que o previsto anteriormente. Em outubro, o FMI esperava um Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5% para este ano, mas agora vê um avanço de 1,7%. Este percentual supera o que diz o consenso do mercado brasileiro (1,6%, conforme o Boletim Focus), mas ainda está aquém da expectativa do Ministério da Fazenda, que prevê 2,2% desde o ano passado.

Segundo o FMI, a demanda doméstica mais forte do que o esperado é uma das explicações para revisão para cima do PIB do Brasil – bem como de outros países da América Latina, como o México.

A queda da taxa de juros também foi destacada pela instituição para justificar a melhora da perspectiva para a economia brasileira. De acordo com a entidade, essa redução fez com que o país se adiantasse a uma tendência mundial. Desde agosto de 2023, a Selic vem sendo reduzida. No momento, está em 11,25% e a previsão é que siga caindo até o fim do ano e feche em 9%.

Outro vetor positivo para o Brasil é o crescimento acima das expectativas de relevantes parceiros comerciais, como Estados Unidos e China. O FMI atualizou suas estimativas para o avanço do PIB dos EUA em 2024, de 1,5% (relatório de outubro) para 2,1% (relatório de janeiro). Um avanço de 0,6 p.p. é significativo para a economia norte-americana, que tem exibido força. No mesmo período, com o suporte fiscal dado pelo governo, as projeções para o crescimento da China subiram de 4,2% para 4,6%.

Apesar da delicada situação econômica da Argentina, a boa notícia é que o Fundo Monetário aprovou, na semana passada, a liberação de um empréstimo para o país de US$ 4,7 bilhões – parte do pacote de US$ 44 bilhões acordado. Ao anunciar o repasse, a instituição teceu elogios às duras medidas econômicas propostas pelo presidente Javier Milei. Ainda assim, a previsão é de contração de 2,8%do PIB argentino em 2024.

Entre os desafios, o destaque são as incertezas geopolíticas. Os ataques dos rebeldes houthis do Iêmen já fizeram o tráfego de navios comerciais no Mar Vermelho, uma relevante rota para trocas internacionais, cair 30% neste ano. A guerra em Gaza, segundo o FMI, seguirá com "alta intensidade" ao longo do primeiro trimestre deste ano, com as hostilidades diminuindo lentamente.

Além disso, o mercado imobiliário chinês continua fraco, a inflação ainda não está totalmente controlada e os riscos fiscais seguem elevados. Resumindo, embora um pouso suave esteja no horizonte, ainda há pontos de atenção a serem considerados.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)

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